Nada foi
feito o sonhado
mas foi bem-vindo
feito tudo
fosse lindo
Uma vez escrevi neste meu singular espaço Plural que não gostaria de ter um milhão de amigos. Isso, concluía, ficava para esse rei de poucas e boas músicas. Sobretudo aquelas que falam de velhos tempos e belos dias.
Acabei de chegar. Depois de trinta dias no molho – nada de pardo, estou proibido – volto ao convívio dos poucos amigos que conquistei e por eles fui conquistado. Não os nomearei. A memoria é traiçoeira. Todos sabemos – ou deveríamos saber – que a cada 15 minutos o brasileiro esquece os últimos 15 minutos. Acho que foi o Ivan Lessa que descobriu essa pérola. Acho.
Agora, depois de trinta dias contados no calendário dos nossos dias, todo o mês de junho, volto à sala em que os amigos permaneceram, todos, preparando a minha volta. Se é bom? Somente os verdadeiros amigos sabem. Esses ” que não trazem dentro da boca palavras fingidas ou falsas histórias”. Mais: Sabem entender o silêncio dos amigos. Compartilhar. Ser cúmplices desse.
O melhor dos amigos, como está sendo nesse exato instante, são os carinhos espalhando nas entrelinhas dos desejos de boas-vindas. “Estás muito melhor!”. “O aspecto está daquele que vive em eterna paz com a vida!”. “Deste um verdadeiro “upgrade” no corpo e na alma!”. Uns disseram. O astral ? Se era bom, depois dessas, foi lá para onde os olhos não conseguem ver.
Sorrio. Mas, no fundo, ali onde o coração hoje bate mais forte, livre, caminhos abertos para a vida, o melhor é saber que meio a toda essa alegria falada há um desejo sincero de boas-vindas pela volta deste sujeito que aprendeu a viver o silêncio.
Amigo. Esse, segundo Aristóteles, se faz rapidamente. A amizade, pela vez dela, é um fruto que amadurece lentamente. Pois é. Isso acontece comigo. Todos os meus amigos, os verdadeiros, são frutos amadurecidos. Poucos. É verdade. Mas não os quero muito. Apodrecem. Esquecemos os seus nomes.
A família. Irmãos, filhos, netos e esposa-companheira. Esses são essenciais. São eles que nos sustentam estando conosco ou em nossa ausência. A todos, agora bem-vindo, como acabei de assim ser recebido, só me resta agradecer o fato de tê-los como amigos.
Divago. Sei. Mas, fora do meu silêncio, somente assim, divagando com palavras, posso espalhar neste espaço toda a minha gratidão. Voltei. Estou bem. E contente. Mas não me encontrarão diferente. O mesmo 1berto. O mesmo sujeito que sabe a verdadeira importância da gratidão.
Obrigado a todos.