A doença dela deve ser “burrice secular”!

A doença dela deve ser “burrice secular”!

Sentado à beira-mar, olhava as pessoas que passavam e as muitas que passam horas olhando para o mar. Também costumo fazer isso. O mar transmite paz. Pelo menos a parte que os meus olhos veem. Não imagino o fundo do mar. não tenho necessidade. O que os olhos veem me bastam.

A moça ao lado conversa com uma colega. São mais que colegas, acredito são amigas. A mais nova, entre os vinte e vinte e cinco anos, diz que a sua – dela – mãe lhe disse um dia que procurasse um médico especializado na sua doença. A outra olha pra ela com aquele de “qual é atua doença”? Ela acha que a mãe diagnosticou essa doença nela num dia de madrasta: transtorno bipolar.

Ela sabe que se não estivesse com essa doença, pois leu a respeito a mesma, estaria com uma doença parecida. Um dia é somente sorriso. No outro, mesmo sem nenhum motivo, esta mal humorada. Deseja um dia o céu para quem gosta, no outro, esquecendo a promessa, deseja-lhe o inferno com o diabo na sua companhia.

Não sabe mesmo o que deseja nesta vida. Se morrer, sentirá saudades dos que ficaram; se continuar viva, sentirá saudade dos que foram. Da mesma forma que deseja um “bom dia” para a pessoa que passa ao seu lado, deseja um péssimo dia quando essa mesma pessoa ela se afasta. Sorri como nunca depois de ouvir uma piada, mas, logo em seguida, confessa, fecha a cara e acha a piada mais sem graça do mundo.

Agora, ela conta, e os ouvidos curiosos nada deixam passar. Está querendo adotar uma religião. Assim mesmo: adotar. Pergunta a colega qual entre as muitas que escutou falar “acha melhor”. Não recebe a resposta esperada. Apenas sum olhar de “ela está ficando doida”.

Não conheço a transtornada. Mas, sinceramente, acho que a colega dela tem razão. Não só tem um parafuso solto – são muitos! Vou além: acho que ela não tem mesmo um só parafuso na cabeça. O cérebro, se ela tiver, fica solto dentro da cabeça, batendo num lado e no outro.

Estás doente de quê mesmo? Pergunta-lhe a colega um tanto desconfiada do diagnóstico materno. Um negócio como “estorno secular”, responde. Também ouvi assim. Não seria transtorno bipolar? A colega tenta corrigir. É por aí. Mas, como estava dizendo, não seria a merda desse mar que estaria me deixando um tanto confusa?

Tem razão a mãe dela. Só o diagnóstico está errado. Acho que ela está mesmo sofrendo é de uma “estupidez secular” ou, quem sabe, uma “burrice secular”.

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