Darcy – “Minha mãe morreu cheia de fé e morreu tranquila, eu invejo você, que é um homem inteligente e de fé. Eu não tenho fé…”
Boff – “Darcy, não seu preocupe com a fé, porque Deus não se incomoda com a fé…”
Essas foram as últimas palavras trocadas entre o Frei Leonardo Boff e o Darcy Ribeiro. Um Teólogo da Libertação, e outro criador da Universidade de Brasília e seu primeiro Reitor, antes de sua partida – a de Darcy – para “outra cidade”.
Nunca fui um homem de fé, daqueles que dizem “eu vou conseguir porque tenho fé”, ou, ao contrário, “tenho fé, por isso vou conseguir”. Sou mais de lutar pelo que desejo. Confesso também que sempre pedi, sem aquela coisa de “eu vou ser atendido porque tenho certeza – ou seria “tenho fé?” –de que serei atendido”.
Mas, afinal, o que seria fé? Bastaria para o sujeito ser feliz apenas a fé em Deus e, como pediu um dia o Raul Seixas, e na vida. Mas, Peraí, teria o pobre infeliz de ter fé em outras coisas?
Para muitos, infelizmente, ter fé é acreditar naquilo que não se vê. Pausa. Seria isso mesmo? Não, nada a ver. Eu acredito na música e não vejo a música que entra pelos meus ouvidos. Ah, mas escuto, não é isso mesmo?
Agora, somente pelo fato de ser ouvida, isso prova a existência da música?