AI QUE SAUDADES QUE EU TENHO DO MEU CINE JAGUARIBE!

AI QUE SAUDADES QUE EU TENHO DO MEU CINE JAGUARIBE!

Não sei bem o ano e não tenho tempo nem vontade de fuçar o Google para descobrir. Somente sei que nada sei e que o disco, um LP, tinha como título – tem ainda – “De Volta ao Começo”.

Ouvindo nesses dias o “Álbum Branco” dos Beatles, o meu preferido, e relendo Os Miseráveis de Victor Hugo,  parece que também estou voltando. Só que a essa volta passa pelo cinema Santo Antonio, o mais simpático do meu bairro Jaguaribe.

O balão solto no ar feito seta voadora indicando que a criança sequestrada estava de retorno ao lar. Um drible de corpo – ou seria de câmera – do diretor. Ela, a criança, não fora sequestrada por nenhum vampiro.

Essa é a citação explícita de um Vampiro alemão que usava a letra M para marcar de morte as suas vítimas. Esse é outro balão preso em fios de alta tensão. O “M”, apesar da união do francês e do inglês – ou seria “do americano?”- não é de Morder. o tio está morrendo. A criança não.

Eu havia ouvido ou assistido no meu Santo Antonio aquela história? O título, logo que o adquiri novinho em fita (se fosse em folha, não seria um filme, mas livro) e ainda selado, só me levava para mais um musical. Um daqueles em que o Ginger Rogers and Fred Astaire (gostaram?) acabam com a ilusão de qualquer sujeito de um dia aprender a dançar com leveza e elegância.

De volta ao começo? Tudo bem. O ano é quase o mesmo – ou seria o mesmo? – do filme e a cidade é Paris. Um bando de velhos e elegantes gangsters comandado por um ex-presidiário decide assaltar uma joalharia. Nada demais. Assaltos a bancos e a joalharias no cinema é tão comum como pistoleiros solitários que chegam num povoado e acabam virando heróis. Mas foi justamente a forma que o elegante gangster usou para assaltar essa joalheria que ajudou construir a fama do filme.

O assalto dura quase meia hora. Um guarda-chuva. Um “martelo amordaçado”. O suor nos rostos. O extintor de incêndio. Fios sendo cortados. O buraco no piso aumentando. A Visão de fora para dentro e de dentro para fora. Nenhuma palavra. Nenhum sorriso. Nenhum som. Os olhos falam. O Medo. A Expectativa. A Alegria. A Tensão. Eles dizem tudo. Ninguém fala. Música? Nenhuma.

Bom, não vou contar a história em detalhes de Rififi, o filme de Jules Dassi, chamado por François Truffaut de “o melhor dos filmes noir”. Não sei, também, se os pirateiros – leia-se “compradores de DVD pirata” – irão encontrar por a uma cópia fácil desse filme que me levou de volta ao começo. Mas que merece ser revisto não tenho dúvida. Pois bem. Assista ao original – ou a cópia, tanto faz – e diga se concorda comigo: quem nasceu para “onze homens e um segredo” nunca vai saber o que um Rififi.

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