Às vezes uma coisa ou pessoa vulgar é mais original que uma obra ainda em fase de criação!

Às vezes uma coisa ou pessoa vulgar é mais original que uma obra ainda em fase de criação!

 

Não raras vezes em dúvidas se tomo uísque com gelo de água de coco ou puro como assim ele foi criado para ser bebido, socorro-me do auxílio luxuoso do velho dicionário. Hoje, porém, com a invenção da Internet, esse monstro que temo um dia vir a fugir das mãos de seus criadores, nem preciso ir longe: ele, o meu dicionário e agora de todos, está de olhos abertos nessa rede que balança definições preconcebidas!

Nessa manhã de terça-feira, ainda farto de uma segunda que me encheu, deixando-me vazio, nada de contraditório, acreditem, pensei na palavra “vulgar”. E mesmo sabendo que achava saber de que se tratava, definições e variáveis, o dicionário veio  como aquele auxílio luxuoso do pandeiro ao sambista: “Vulgar é o que se refere ou pertence ao povo, à plebe”. Se gostei da definição? Nem um pouco. Então quer dizer que tudo que  é vulgar pertence ao povo, à plebe?

Não gostei. Volto a dizer neste terceiro parágrafo. Não acho que o vulgar que eu penso e aprendi definir nos meus tempos de menino-jaguaribe passe por aí. E qual seria então o antônimo de vulgar? O dicionário, agora aberto para estes olhos nada molhados e somente curiosos, se oferece todo resposta: “Não ser vulgar é ser distinto, elegante, excêntrico, notável e… Original”! Sentiram as reticências? Sentiram: foi esse “original” aí que me pegou de jeito!

Agora, esquecendo a definição vulgar do parágrafo primeiro, quer dizer que “não ser vulgar” é ser original?! Uma coisa não pode ser vulgar sem perder a sua originalidade?! Não existem coisas e pessoas vulgares que são originais?!Ora, se palavras são palavras e disso não passam, palavras, como definição o meu vulgar será apenas perguntas!

Não acho. Uma coisa ou pessoa pode ser vulgar sem perder a originalidade. Os nossos olhos querendo veem essa coisa ou pessoa como a mais original desta vida passageira. Eu, por exemplo, conheço coisas e pessoas assim. Um exemplo? Mesmo se repetindo, repetindo e repetindo um mestre como Alfred Hitchcock será sempre original. Nada de vulgar. Bette Davis, nos mesmos papéis, quase sempre, estava para os meus olhos como se fosse aquela sua primeira interpretação fazendo o mesmo personagem.

Esqueço o dicionário. Vulgar não tem nada de falta de originalidade. Às vezes uma coisa ou pessoa vulgar é mais original que uma obra ainda em fase de criação. Não vejo assim a vulgaridade. Nunca assim a verei. Posso até estar sendo vulgar nessas minhas considerações. Sempre as mesmas? Não! As mesmas tentativas. E por serem tentativas, serão sempre originais. Nada de vulgares!

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