Eu plural: quem me provocou foi o meu bom irmão quase jiparanaense e pessoense parahybano de corpo e alma, Dapenha. Vocês sabem.
Um dia, assim meio sem querer, mas querendo, ele perguntou se este MB lembrava daquelas historinhas sacanas que fizeram as cabeças dos adolescentes encherem-se de sonhos, e as mãos se exercitarem mais que as pernas magras e poucas caminhadoras. Ah, quem iria esquecer? Foi a resposta.
E assim, à queima-roupa, disse-lhe mais: era o sujeito oculto mais conhecido entre esses. Alcides Caminha. Mas não disse assim, disse “Carlos Zéfiro”, esse nome um inesquecível, acrescentei. Pseudônimo que deixa o nome de batismo no rabo da gata.
Agora, depois de todo esse nariz de cera, mas necessário, para a minha surpresa, passeando por este vasto e explorado espaço internético, eis que o Carlos Zéfiro nos aparece fantasiado do seu dono Alcides Caminha. O inesperado, assim, nos faz uma surpresa!
Hoje, caminhando por estradas nunca dantes caminhadas, pois trocou de roupa e se mudou para outra cidade no dia cinco de julho de mil novecentos e noventa e dois, numa matéria muito boa, como vocês poderão ler a seguir, feita por Daniela Bazi, lembrando o meu bom irmão Dapenha, apresento-lhe essa bela “radiografia” desse sacana bacana. - 1berto de almeida
DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO A “DEUS DA SACANAGEM”: OS QUADRINHOS PICANTES DE CARLOS ZÉFIRO
O desenhista — responsável por revistinhas como As Aventuras de João Cavalo e Luíza, a Insaciável — vendia suas obras às escondidas durante a ditadura
DANIELA BAZI PUBLICADO EM 21/01/2020
Descrito como o “Deus da sacanagem” pelo desenhista Eduardo Barbosa ao jornal A Notícia em 1991, Alcides Caminha era um funcionário público do Rio de Janeiro que, na verdade, escondia ser o desenhista Carlos Zéfiro, responsável pelos quadrinhos de sexo explícito publicados entre as décadas de 1940 e 1980.
As revistinhas eram famosas na época, principalmente entre os adolescentes, que quase não tinham informações sobre sexo devido a forte repressão moral imposta na sociedade.
Suas obras ficaram reconhecidas inicialmente no Rio de Janeiro, e acabaram se espalhando por todo Brasil. Entre suas obras mais famosas, estão As Aventuras de João Cavalo e Luíza, a Insaciável. Devido a ditadura, elas eram vendidas sempre às escondidas.
Alcides teve sua identidade revelada em 1991, em uma entrevista para a revista Playboy. Entretanto, antes da verdade vir à tona, Caminha desafiou o concorrente para uma espécie de concurso público, onde ambos deveriam desenhar em frente de uma plateia e serem julgados para definir quem seria o verdadeiro Carlos Zéfiro.
Caminha acabou não aceitando a proposta, pois estava sofrendo de catarata e uma paralisia na época, mas mesmo assim apresentou uma série de detalhes precisos sobre as obras, que Eduardo não tinha.
O desenhista morreu nove meses depois de sua grande revelação, no dia 5 de julho de 1992. Entretanto, durante seus últimos tempos de vida, passou a receber muito mais reconhecimento. Alcides deu entrevistas para alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, foi uma das principais atrações em uma bienal de quadrinhos e, dois dias antes de falecer, venceu o prêmio HQ Mix.