A saudade mata a gente. Foi assim, mais que de repente, que me lembrei dessa morte. Pois é. Nesse exato momento em que sinto que o meu bom irmão e amigo Dapenha está doente de saudade! Disse doente. Apenas. Não morto.
Agora, morrer? Ah, isso ele não vai nunca! Pelo menos enquanto vivo estiver este Malabarista de Palavras. Podem anotar: Dapenha não morrerá, assim como não morreram nem morrerão os nossos que de tão apressados esqueceram os seus chapéus no cabide do tempo. Uns apressados!
Tudo bem que muitos deles ainda tiveram tempo de plantar e colher; souberam esperar que a chuva passasse e aproveitassem o sol das manhãs; pendurarem-se no trem da história, vissem pela janela o tempo passar e aproveitar a última viagem.
Doente o meu bom irmão está mesmo é de saudade!
Às vezes também doente eu me pego assim. Esse “vírus” da saudade é mesmo terrível. Quando pega a gente é pra derrubar!
Às vezes confesso que chego até a cair. Negar nunca hei de. Caio, mas logo o me levanto. Nunca, porém, permaneço no chão, derrotado por um soco direto das lembranças.
Agora vejo que em cada quadro/fotografia por Dapenha espalhando na parede do face e book, não é apenas uma fotografia velha e desbotada na parede de memória, lugar onde está sempre escrevendo nas suas lembranças em preto e branco Lembranças essas, infelizmente, assim vistas por muito. Em preto e branco.
Mas, se esses as veem assim, infelizmente, despindo-se do “preconceito das cores”, verão que o mundo visto por ele, ainda hoje, é feito de muitas cores, é um arco-íris de saudade e esperança. Por isso mesmo, Dapenha nem aí está para que os precisam de óculos para ver a vida colorida. Ele, pela vez dele, usa óculos, mas não é para isso.
Hoje as suas – dele, de Dapenha – lembranças em fotografias dizem mais que as milhares de palavras que em silêncio ele escreveu um dia. Até gritou. Tudo aí.
As lembranças não aguentam mais a solidão dos olhos fechados, e pedem para ser vistas e sentidas. Não choradas. Fosse assim, choradas, sentidas de abrir cicatrizes, Dapenha não as colocaria diante desse vexame.
O melhor lugar do mundo era ali, nessa cidade que Dapenha adotou e por ela foi adotada. Ji-Paraná. Agora que ao seu mundo voltou, a terra natal, o berço, o começo de tudo, nele esse lugar se encontra.
Ah, como é bom viver de saudades que não doem tanto assim! Morrer? Nem que seja para a vida eterna deve ser melhor!
A saudade quando não mata faz um bem tão grande que nos leva a agradecer a saudade sentida! O