e seu eu disser que apesar do corona estou maravilhosamente bem ?
não sei se um dos meus dois leitores notou alguma vez ou várias. não é o dia que amanhece bonito ou feio. somos nós. o pior é quando um dos nossos sem querer mais querendo de nós se aproxima e pergunta se tudo estar bem apenas para nos tirar uma resposta que não queremos dar. assim como se quisesse que disséssemos que vida não vale nada e não estamos nem aí para esse valor.
não sei como o colega costuma responder às essas interrogações previamente calculadas. a minha resposta é quase sempre a mesma: – como você está? maravilhosamente bem! aí lascou. a pessoa que esperava uma respostava negativa ou próxima disso sofre com o “inesperado da surpresa”. esperava receber “a coisa está de bezerro desconhecer que sua – do bezerro – mãe é uma vaca”.
pois é. isso nunca acontece com este mb. se vêm com um tiro eu queimo a roupa. “e as coisas como vão? maravilhosamente bem! não poderiam melhorar”. outros mais cínicos ainda diriam que se “se melhorassem ficariam ruins”. mas não chego a tanto. seria cinismo demais para este sujeito que infelizmente sente o seu bom-humor escorregar por entre os dentes. melhor: ficar enganchado (avemaria!) entre os dentes.
mas confesso que não é o bom-humor que sempre carreguei comigo que está se recolhendo como pardais quando a noite chega. o fato é que o mundo está cada vez mais sem inspirar neste mb o seu humor natural. sem graça. muito sério e cada vez mais feio. e os seus habitantes cada vez mais ingratos e nunca menos nefastas. ó raçazinha! razão tem o bruxo do cosme velho: “deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento”. ah, também o bardo shakespeare: “os homens de poucas palavras são os melhores”.
sinto que não falta muito para que todos os homens cheguem à conclusão de que são na verdade projetos de deus que não deram certo. no singular mesmo: que é um projeto de deus que não deu certo. em meu nome confesso não ter nenhuma dúvida quanto a isso. mesmo não sendo réu faço questão de confessar.
mas assim como comecei (sei de cacófato) dizendo não irei perder a oportunidade de encerrar com o começo: se estou bem? maravilhosamente bem! o mundo é que não anda – nem pára – tão bem assim.