Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.
Esse foi – continua sendo – Fernando pessoa. Não escrevo por isso. Afinal, Fernando é pessoa. Eu sou Humberto. Ou 1berto. Sendo esse mais Humberto por fora. Por dentro? Sou os dois. Plural. Sempre serei. Seremos.
Escrevo porque as palavras querem brincar com os meus dedos! Esses malabaristas. Elas malabares. Apenas. Mesmo que não esteja para brincadeira. Hoje é um desses dias. Os meus dedos também. Não estamos.
Respiro. Escrevo para isso. Escrevo por causa disso. Respirar. Escrevo como se respirando estivesse. Sempre. Não escrevo para convencer ninguém. Nem amealhar amigos para uma opinião que é somente minha. E, por ser único, tê-la-ei única também.
Tem dias, como hoje, em que as palavras parecem temer a corrida para esses dedos malabaristas. Dizer o quê? Elas se perguntam. Dizer o que se nesse temor, paradas, num silêncio por todos ouvido – só ouvidos! – elas dizem muito mais?
E ficam assim como estivesse assistindo a um filme onde o jogo de bola nele exibido, a bola não existe. Tudo imaginação. Porém, esmo assim, os olhos, essas janelas abertas para fora, ficam dançando de um lado para outro, como se uma partida de tênis estivessem assistindo.
Vazio. Vazias. As palavras tem dias, como este agora, em que preferem o silêncio dos dedos cansados. Respeito-as, pois.