doses de lembranças que curam a saudade que me mata do meu jaguaribe!

doses de lembranças que curam a saudade que me mata do meu jaguaribe!

Era um tempo em que o Sargento Oscar bancava o melhor “coco de roda” da minha República Independente de Jaguaribe. O Sargento era o pai de Guru, um peladeiro que habitou por muito tempo o Campo da Vila – tinha outros nomes – e participava de muitas partidas entre Senado e Calango, dois times de pelada famosos nos meus tempos de menino-jaguaribe.

Guru, apelido que lhe engoliu o nome, como me informara um dia o seu irmão, esse conhecido por todos como “Galego”, fora em vida muito amigo, no Rio de Janeiro, para onde se mandou ainda rapaz, do famoso bandido Escadinha. 

 Naquele dia em que Escadinha saiu “voando” (no helicóptero) do extinto presídio de segurança máxima Cândido Mendes, na ilha grande, no fim do ano de 1985, Guru fora convidado pelo próprio para voar também, mas o convite não fora aceito. Não sei se por medo de voar de helicóptero ou tropeçar, agora no lado de fora, em um dos falsos degraus de Escadinha.

Faz tempo que Jaguaribe, mais especificamente no Bar de Rufino, aquele que ficava na esquina da Alberto da Brito com a 1º de Maio, que segundo o próprio autor, muitos viram nascer ali a Marcha da Cueca. Quem me contava era o saudoso amigo jaguaribense Livardo Alves. 

 Um dia outro jaguaribense também muito conhecido na minha Vila dos Motoristas, Jackson, amigo dos irmãos e um tanto distante amigo meu, pois a idade ficava muito distante, disse que a famosa composição de Livardo Alves era domínio público. Isso muito antes do bom Livardo ser conhecido como compositor da mesma.  Não discuti.

Lembro quando Tota o meu irmão, uma espécie de herói dos fracos e oprimidos, furou o olho na sinuca de Aguiar e, desesperado, saiu pelas ruas do nosso bairro querendo dar fim a própria vida. Era o desespero em pessoa. E todos entendíamos. Entendemos até hoje.

E Vilei, conhecido como “Porco Russo”, pai dos amigos Vilei, Pote e Eto, um mediano jogador de peladas que disputou muitas dessas entre times de bairros que um dia entrou na mata do Buraquinho e passou dias por lá escondido   conversando com arvores e animais silvestres?

Lembro-me bem do dia em que Humberto o Doido da minha rua, num “ataque de lua cheia”, como assim costumavam  dizer, saiu correndo pela Rua Senhor dos Passos mais “doido” do que nunca com  a cabeça na lua, caiu na vala aberta no meio da rua, pronta pra receber os tubos para a implantação da rede de esgotos da ainda Sanecap  hoje Cagepa – , e chorando como somente os doidos felizes são capazes, sentou-se  numa pedra na vala caída,  e cantou o um ponto de umbanda em que dizia “Tava sentado na pedra fina/Quando o rei dos índios/Mandou me chamar/Sou eu, caboclo índio/Índio africano do Juremá”.

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