Humberto de Almeida Eu Plural
Esse carnaval não está sendo igual a aqueles que por mim passaram. Não está mesmo. E nem adianta entrar no ritmo das marchinhas que continuam tocando no salão dentro de mim! Mas se por um lado o folião se recolheu, está hibernando, por outro, esse o melhor, encontrei alguns – na verdade, um apenas – bons motivos para esperar o próximo!
Ando assim meio mutante, meio desligado da folia, meio desligado de mim. Isso: o carnaval, o meu, faço dentro de mim! E não importa se as músicas que nele são tocadas não digam nada para aqueles que fora dele estão. E pior: sem condições de pagar ingresso!
Por aqui, no meu carnaval, confetes nada tem de ”pedacinhos de saudade”! A saudade que sinto mato logo para poder viver!
Sei. Tenho certeza de que esse não passará como muitos que passaram sem dar tempo para tirar a fantasia. Não ando fantasiado. Nunca andei! Não uso máscara. Nunca usei!
O meu carnaval é feito de rosto limpo e coração no compasso exato dos meus sentimentos! E somente eu sei o limite do porre a ser tomado de modo a não machucar esse coração! O carnaval está na rua! Dentro mim o meu carnaval ainda não começou!
O meu carnaval deve estar esperando o clarim anunciar que o dia nasceu! Ah, esse carnaval que tanto espero e me guardo pra ele, como se guardou um dia o poeta, ainda vai chegar! Se me guardo também pra ele? Não! Guardo apenas o meu coração de Pierrô apaixonado!
Nada mais!
