Nada de “morrer de amor para continuar vivendo”. Foi muito rápido. Melhor: a paixão é rápida, o amor não. Vai acontecendo aos poucos. Transformando-se. E com ela não foi diferente: apaixonou-se.
Ainda jovem, achava que aquele era o primeiro e único amor de sua vida. Todos sabiam. Daria tudo para viver eternamente nesse estado de paixão. Mas um entrave à transformação dessa paixão em amor estava no caminho. Uma espécie de pedra nada poética.
Doía-lhe na alma. Deixava o corpo quebrado e sem possiblidade de cura. Por que não?! A família não queria. O motivo? O seu amor não tinha um tostão para comprar uma passagem para Coxixola somente de ida. Seria mais um peso para a família.
Mas e daí? Dividiria o café da manhã, o almoço e o jantar. Dormir? A cama de solteira dava para os dois. Afinal, tentou dizer, são dois corpos em apenas um. Os dois ocupariam um espaço apenas. Não adiantou.
A tristeza lhe invadira o corpo e a alma. Deixou de se alimentar. Fechou as janelas dos olhos para o mundo. Não demorou muito. Em poucos dias, sem o seu amor, seu alimento, morreria de amor,digo, pela falta dele. Ele? Ninguém mais soube. Nem viu. Nunca mais. Dizem que continuou por ai, se alimentando do amor que ela deixou no último café da manhã.
Em tempo: Tudo é verdade. A Rosa me contou a história, deu o nome dela, detalhes. Morreu de amor, concluiu. Acredito nela. Pausa. No amor também.
Quem foi o personagem?