José Dirceu deixa perguntas sem resposta na CPI da Petrobras e na PF

Deputados foram até onde ele está preso. Ex-ministro já foi condenado no julgamento do Mensalão do PT e está preso desde o dia 3 de agosto

José Dirceu já foi condenado no julgamento do Mensalão do PT e está preso, em Curitiba, desde o dia 3 de agosto. Os investigadores dizem que ele foi o instituidor do esquema de corrupção na Petrobras e se beneficiou usando prestação de consultorias que nunca existiram. Dirceu sempre alegou que prestou os serviços.

Antes mesmo de a sessão começar, ele já avisava: “Seguindo a orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio”, disse José Dirceu, ex-ministro.

Mas os deputados seguiram adiante.

Deputado Luiz Sérgio, PT-RJ, relator da CPI: Vossa Senhoria efetivamente prestou serviço de consultoria para alguma das empresas investigadas pela Operação Lava Jato?
José Dirceu: Seguindo orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio.

A resposta foi repetida mais 13 vezes. Para todas as perguntas.

Luiz Sérgio, PT-RJ: Quais as provas que Vossa Senhoria teria para confirmar os serviços realizados?

Deputado Bruno Covas, PSDB-SP: De acordo com o laudo pericial 17422015 da Polícia Federal e empresa JD Assessoria e Consultoria Ltda, entre 2 de janeiro de 2009 e 18 de dezembro de 2014, movimentou cerca de R$ 34,5 milhões. Período, inclusive, que Vossa Excelência foi réu, condenado e preso. Vossa Senhoria poderia dizer se parte desse valor teve origem no esquema montado na Petrobras? O senhor confirma que foi o responsável pela condução de Renato Duque ao cargo de Diretor de Serviços da Petrobras?

Mais de um deputado perguntou se o ex-ministro era líder de organização criminosa.

Deputado Delegado Waldir, PSDB-GO: O senhor é o líder dessa organização criminosa ou a Justiça Federal, o Ministério Público e a Polícia Federal chegarão ao verdadeiro líder dessa organização que dilapidou o patrimônio do brasileiro nos últimos 12 anos. O senhor é o líder dessa organização criminosa, o Brasil, ou existe alguém acima do senhor?
José Dirceu: Seguindo orientação do meu advogado, permanecerei em silêncio.

O presidente da CPI, deputado Hugo Motta do PMDB da Paraíba, chegou a oferecer uma reunião fechada, sem a presença da imprensa. Mas a resposta continuou a mesma.

José Dirceu: Vou permanecer em silêncio, senhor presidente.

A deputada Maria do Rosário, do PT, defendeu José Dirceu.

“Então, eu venho a essa CPI hoje pra dizer que não há aqui alguém que foi danoso ao patrimônio público ou muito menos à Petrobras, ao contrário, quero de peito aberto dizer que essa companhia foi revigorada e revitalizada ao longo do período de governo do presidente Lula e da presidenta Dilma, que nós estamos combatendo a corrupção sim”, declarou Maria do Rosário, PT-RS.

O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Zelada: “Vou permanecer em silêncio”; o empresário João Antônio Bernardi: “Por recomendação, vou permanecer em silêncio”; e o executivo da Andrade Gutierrez, Helton Negrão de Azevedo: “Eu vou exercer o direito de ficar em silêncio”, e o presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques, seguiram o mesmo caminho: “Eu vou permanecer em silêncio, conforme recomendação dos meus advogados”.

Depois da CPI, o ex-ministro José Dirceu também ficou em silêncio durante o depoimento à Polícia Federal. O advogado dele disse que, antes de falar, Dirceu quer saber quais acusações estão sendo feitas formalmente pelos investigadores.

A defesa quer ter acesso em especial à delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC. O pedido foi negado pela Justiça Federal, porque o conteúdo continua sob sigilo

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