não existe prisão/para as asas/ da imaginação

não existe prisão/para as asas/ da imaginação

Nada melhor que acordar cedo e cedo levantar para “abrir” o espaço em que se trabalha. Espaço ou empresa ou loja ou estabelecimento outro que te ajude a ganhar o pão seu –  o meu, graças a Deus, vou honestamente ganhando –  de cada dia. O melhor é que muitos desses espaços não somente ajudam. Eles são o próprio pão. O  maná que não caiu do céu: tu o conquistaste.  Assim o teu pão fica mais gostoso ainda. Tem o  gosto de poesia. De infância. Desce pela tua garganta como o mais doce dos vinhos. Como uma dose do uísque que tu amas e com ele estás acostumado a trocar carícias com o copo que o contém.

 Amanheço em mim!  E sem que as pernas tenham ensaiado as primeiras passadas eu saio – cacófato? Aliteração? Eco? –   correndo para “abrir” os “trabalhos”. Esses mesmos que não me dão trabalho algum. Dão-me alegria. Dão-me prazer.  Dão-me satisfação incomensurável. É o amanhecer trazendo o rejuvenescimento! Todo  dia! Todo dia precisamos rejuvenescer! 

 Imaginem o canto dos sabiás te recebendo como se o teu cantar fosse necessário ao coral das vozes que a natureza lhes emprestou?  Sempre assim. Aguço os ouvidos e deixo que o seu canto – deles, dos sabiás –  neles faça a festa. Os sabiás nunca   cantam sozinhos. As notas mais altas desse coro ficam por conta de belos sanhaçus que disputam as palhas dos coqueiros.

Mas nem era preciso ser recebido por esse coral de pássaros para confessar o meu amor pelas manhãs. Todas elas. Sejam essas de domingos ou das indesejáveis segundas-feiras. Não faço quaisquer distinções, as manhãs são feitas por nós. Assim como um dia dissera ser esse país cheio de nós a espera de um povo que venha desatá-los. Os sabiás me contam do que sabem sobre a vida e a natureza. Cantam.

 Escuto nesta manhã um canto afinado com os ouvidos da humanidade.  Mas é triste constatar que muitos dessa raça ainda insistam em manter esses ouvidos surdos. Infelizmente. E que harmonia!  Nesse momento a paz e o silêncio se sentam na primeira fila desse teatro onde a plateia não precisa pedir bis. Pois os pássaros sabem quanto repetir e o momento certo de baixar as cortinas de asas. Encerrar o espetáculo. Sabem a hora de voar para outros palcos.

 Um privilégio fazer parte dessa plateia. Eu faço. Só não os aplaudo em cada nota porque temo espantar os solistas dessas peças que a mim não pedem nada mais que o silêncio. Sinto-me feliz em “abrir” os trabalhos nessas manhãs abertas para a vida. Um bem-estar. Pausa. Estou sempre bem.

Sou grato. Sempre serei. Estou vivo e vivendo tudo que não acredito que em outras vidas viverei.  Não acredito nessas.  Por isso mesmo costumo repetir que melhor lugar do mundo é aqui e agora. E assim que continuem cantando os meus pássaros. Os nossos.  Livres. Eles sabem que o mundo é uma grande gaiola. Mas não existem gaiolas para as asas da imaginação. Sabem mais ainda.

Nasceu o dia! Renasçamos com ele!

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