ninguém é burrro para discordar!

ninguém é burrro para discordar!

tudo vai passar. nada de repetir aquela besteira de que tudo é passageiro sem tirar o cobrador dessa máxima. a pandemia agora virou obsessão. o vírus. o corona. o coronavírus. chego em casa e dou um freio daqueles que se fosse naqueles tempos em que pegava o último ônibus para não voltar para casa a pé chamaria de “arrumação”. isso. freio de arrumação.

não posso entrar em casa com os sapatos cheios do corona. mas cheio que este mb de assistir ao bonner e companheira abrindo o seu jornal nacional como o número de mortes que a peste do século – não é possível que venha outra pior – humberto eu plural picasacausou naquele dia. sinto como se fosse um daqueles bingos que infestou a nossa capital naqueles tempos em que o corona ainda nem pensava em abrir os olhos na china. o bonner lendo as pedras e a renata tirando essas do saco delas. não dele. não me entendam mal.

sinto no olhar de ambos os dois – assim diria o ministro da educação do bolsonaro – a satisfação em nos meter medo insinuando que um de nós poderá ser a bola da vez. um clima de matar o salvador dali e o daqui de tédio. bonner e renata.  um círculo vicioso onde os coroas se divertem como se estivessem numa grande roda gigante a olhar os campos floridos que amanhã desertos poderão ser. tudo se os homens que sabem das coisas não impedissem a sua triste e abominável reprodução.

confesso que estou enfrentando essa quarentena forte como um hércules ainda no primeiro dos seus hercúleos (sic) trabalhos. tirando de letra. costumo dizer. às vezes porém me bate uma vontade danada de abrir as asas e ser o passarinho do poema do quintana. os passarão ? que fiquem no caminho. eles são do contra. 

um saco às vezes me parece o dia a dia. uma vontade sem tamanho de atirar esses dias na privada do mundo e puxar a descarga. depois será a vez dele. sei que  mundo não descerá tão fácil. mas desce.  enquanto isso não acontece eu que não votei em bolsonaro sinto o quanto ele vem negociando o nosso país para que não seja derrotado pelo vírus da desconfiança. isso mesmo. ninguém mais acredita que o brasil vem antes do “meu país” esse que os filhos do “cavalo” somente o leem esse sem acento.

todos estão bem assentados em casas legislativas apelando para a imunidade e achando que essa também é sinônimo de impunidade. quem tem os filhos assim não precisam nem forjar que inimigos ferozes também se tem. pausa. até que   tem mesmo. são onze. esses são os mais perigosos. a arma que eles têm e usam nem precisam de registro. o melhor de tudo é que esse registro tem a sua validade.

não torço contra. nunca. daqui tenho ouvido o barulho das panelas vazias. isso mesmo: vazias. afinal de contas que tem a boca cheia não grita. os bolsos cheios também freiam as línguas. sejam essas más ou boas.

agora fica eu na minha ilha cercada de livros e discos e filmes por todos os lados viajando em boas companhias. às vezes até mesmo entre essas alguns bons e cultos e hilários mortos. memórias. sentiram? se pudesse também dedicaria estas mal-traçadas a eles. ou melhor: a ele. ao verme que primeiro roerá um dia as frias carnes do meu cadáver. ironia e bom humor. essas para ele eram irmãs siamesas. uma não conseguiria viver sem a outra.

mas seguirei em frente. sempre. e os que me seguirem deverão não ter nenhum compromisso com o dia de voltar nem com o fim da viagem. não sei quando volto nem para onde vou. apenas uma certeza: seguirei em frente em busca de novas manhãs de primavera. então verão o quanto ainda poderemos caminhar em busca de um tempo que nunca perderemos.

não adianta. vou insistir. a manhã que vivo a buscar pode estar logo ali depois de um domingo de sol. então que passe o corona sem deixar saudades. sem deixar nada. nem outros mortos. nada. nem uma fotografia sua na parede da nossa memória coletiva desejo ver um dia. estou bem e fim de papo. pois é. estava a fim de libertar as palavras da prisão dos dedos em repouso.  a fim. e acho que foi um começo.

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