o drone de papel de valdir rangel

o drone de papel de valdir rangel

Ele chega e me entrega um livrinho de apenas quatro pequenas folhas, dizendo “eis o meu primeiro cordel”.  Fazendo uns cálculos e apostando na primeira impressão, daria por aí duas folhas de papel oficio. Mas, pensando bem, acho mesmo que o dito não foi esse. Melhor:  disse “folheto”.  Por aí. Mas, ora bolas!  pouco importa o que ele disse, quando me entregou o seu primeiro… Cordel.

 Valdir  Rangel, colega de trabalho há décadas, eterno candidato a ser um poeta melhor a cada dia, com as suas invenções e tentativas, agora resolveu enveredar pela “literatura de cordel”. O seu primeiro cordel ou folheto, como muitos chamam e a minha mãe assim também chamava, esse aí do primeiro parágrafo, intitula-se “O Drone de Papel”.

O Drone, hoje todos sabem de que se trata, ou quase, é uma invenção do nosso século. Um veículo aéreo não tripulado e controlado remotamente que pode realizar inúmeras tarefas.

 O Drone de papel, porém, esse rimado e cantado em versos populares por Valdir Rangel, é “coisa” do século passado. Vou além: séculos passados. Pois, afinal, acredito que ele tenha sido “inventado” desde o dia em que um papel solto no ar, descontrolado, foi visto por uma criança.

 O Drone de papel de Valdir é esse mesmo chamado por aqui de “coruja ou pipa”. Na verdade, na minha infância-jaguaribe, chamávamos mesmo de coruja. A pipa, que em lugares outros é a mesma coisa, nunca foi a coruja que aprendi a empinar de encontro ao vento, torcendo para que a sua linha não quebrasse, a sua “coleira”, e caísse em lugares nunca dantes imaginados.

Lendo o cordel de Valdir, vocês leitores de cordel, podem ter certeza de que ele tem jeito para contar uma história na forma e rima dos cordéis. Há ritmos em suas histórias que merecem a audição dos bons ouvidos. Ritmo. Melodia. Candência. Esses pilares do bom cordel que, apesar dos tropeços de iniciante, sobrando uma silaba aqui e acrescentando outra ali, a gente encontra na sua história.

  O Drone é a pipa – ou coruja – de sua infância. Ou, para infância de outros de alhures, papagaio, arraia ou pandorga. E assim vai  o  poeta popular comparando os modernos Drones as pipas de sua financia:

- “O Drone da minha infância/Era de linha de carretel/uma pipa colorida/feita de palito e papel/que voava livremente/dando cabeçadas no céu”.

Segue o poeta e cordelista enveredando pelo céu na sua pipa de papel, guiada por um linha de carretel. Pausa.  Se as rimas não são ricas, nada mais comum nesse tipo de literatura, o cordel, a ideia e comparação entre o Drone e o seu brinquedo de criança é uma boa descoberta.

Avante, cordelista!

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