- Sai daí menino! Sai de perto dos pau (sic) que João trouxe! Já-já ele chega!
Para quem não sabe – ou sabia – quem era esse João aí, nada significa esse “sai de perto dos paus…”. Explico. O recado era de Dona Chiquinha, a minha mãe e mãe de João, para aqueles que se arvorassem a mexer na madeira – troncos de velhas árvores – vindos de não sei de onde, destinados à fogueira de São João.
João, aproveito este parágrafo dos poucos que escreverei nessa manhã fria de segunda, para dizer que era o meu irmão mais velho. Pausa. Era. Faz poucos anos que sem muita pressa, pois havia passado pela perigosa curva dos oitenta, trocou de roupa e foi morar noutra cidade.
Era ele João, o João Heráclito, esse que docemente se apossou do nome do pai, Heráclito, o responsável, todo ano, desde os meus tempos de menino-jaguaribe, em fazer e acender a fogueira no dia desse “santo” de quem recebeu o nome de batismo. João, para Dona Chiquinha, nesse festivo dia, era próprio santo.
O tempo passou e nunca mais se viu fogueira de João em homenagem ao santo de quem recebeu o nome, na porta de dona Chiquinha. A famosa e esperada bicicleta que ele usava para trazer o machado que os grandes troncos rachavam, enferrujou. Os pneus começavam a rodar para trás. E o machado ficou cego.
O menino João Heráclito agora não mora mais aqui. Sem machado e sem fogueira não precisará mais de cortar troncos de madeira de nem acender fogueira no dia de São João. Nem um dia. A vida que leva agora, eterna, como ele sempre acreditou, é somente luz.