o meu reino por um celular e uma televisor!

eu conheço muitos assim.  a televisão serve-lhe como muleta. ela anda capenga. a pessoa. nas vezes que não está sob o domínio da rede globo, está acorrentada ao celular. essa coleira eletrônica. não adianta contar-lhe quaisquer histórias nesse momento. o celular não lhe deixa pensar. nem ouvir. o que ela mais deseja é continuar plugada no celular como aquelas cigarras do poeta sérgio de castro pinto. aquela do seu belo poema.

se você for lhe contar uma história, qualquer uma, tem que esperar que ela se desplugue. assim mesmo: desplugar. um verbo feio como “otimizar”.  só que um os grandes livros de palavras registram. otimizar. desplugar não. ou melhor: não despluga.

ainda continua naquele tipo do “ah, como foi?” imortalizado pelo “ah, é… ah… é” do bom humorista que nos deixou. contar-lhe uma piada? não adianta. ela ri primeiro que todos. não porque entendeu a piada antes de os outros. ri tão somente para dizer que foi a primeira a entender. mentira.

uma sem graça essa pessoa é. não sabe o que é humor. confunde um trocadilho com o trocar de trilho de qualquer bonde na sua última viagem.  não costumo perder tempo com pessoas assim. rio com elas apenas para satisfazer-lhe o ego sem graça.

o celular. ah, o celular. esse é o seu mundo fora da rede globo. vive as novelas como se essas fossem escritas especialmente para ela.  mas o celular quando toca o mundo para.  todos tem de parar. aí os seus olhos brilham como duas estrelas dalva. peço paz, mas ela não tá nem aí. bandeira branca? não adianta. o celular quando toca ela vê o mundo em cores.  uma pena. duas. várias. ah, desculpem. o barulho das teclas podem lhe irritar.

o celular acabou de tocar.

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