PAPO DE BANCO DE PRAÇA OU CABEÇAS DE PAPEL

PAPO DE BANCO DE PRAÇA OU CABEÇAS DE PAPEL

 

A cena: dois amigos, um aposentado e outro as vésperas da aposentadoria, leem o mesmo jornal. Estão bem sentados num banco da Praça João Pessoa. Essa praça também é chamada de 1817, conhecida por poucos com esse segundo nome, mas tão desinteressante quanto o primeiro.Os dois leem o mesmo jornal. As mesmas manchetes são lidas com aquele “hummmmmm!” desconfiado e característico de quem sabe o que “não procura”.

 

Um – Tá aqui, na primeira página: “Idosos, mesmo os que não puderem comprovar que ganham menos de dois salários mínimos, farão viagens interestaduais gratuitas”.

Outro – Enxerimento! Para onde é que vai um sujeito com mais de 60 anos, recebendo menos de dois salários mínimos?!

A leitura, após aquele “hummmmm!” característico, segue tranquila.

Um – Vê essa outra: “chuvas derrubam todas as previsões…”.

Outro – No embalo derrubam também presidente da Petrobras e o Ministro de Minas e Energia.

O silêncio entre o dois faz um “barulho” daqueles. E o “hum”, como vocês estão lendo agora, é menor. De repente, eis que de repente, o Um sai com mais uma:

Um – O Zé Dirceu está fazendo de tudo para reaver os direitos políticos que, segundo o próprio, lhes foram roubados…

Outro – Políticos… Direitos… Roubados… Ah, disso ele entende muito bem. Para agilizar eu pediria uma mãozinha ao Paulo Maluf. Ou duas.

Agora estão sérios. Os aposentados, memórias falhadno, já não sabe se é o Um ou o Outro. Mas é o Um é o primeiro a falar.

Um – Viu essa? “Polícia prende 2 jovens e 1 menor com crack e maconha”

Outro – O Crack com certeza não é do Botafogo. E enquanto não decidirem sobre essa tal maioridade vai ser sempre assim: dos males, o menor…

O “hum, hum” diminui. Os olhos, todos os 4, pescam palavras em tamanho gigante. Buscam manchetes. São monitorados pelas manchetes.

Um – Olha aí que bela descoberta: “cientista (?), após longa e criteriosa pesquisa, concluiu que passamos 1 ano, 4 meses e 15 dias de nossas vidas no banheiro”

Outro – Agora fica a grande dúvida: por que com tanto tempo para fazer merda em suas vidas privadas, muitos dos nossos políticos insistam em continuar fazendo as suas merdas em suas vidas públicas?

O jornal é fechado.

Cai o pano.

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