Em tempos idos fui acusado por um dos nossos mais populares escrevinhadores versado nessas e noutras coisas tropicais e coisas outras de viver fuçando dicionário. “Ora, não levo a vida do 1berto, escreveu ele, esse cara passa boa parte do seu dia com um dicionário na mão. Por isso patati e patatá”. Aproveito o parágrafo para dizer que é mentira. Sem deixar que a vida me leve, esse puto comodismo, levo a minha diferente.
A história é antiga e não vale a pena lembrar. Uma dica: tudo começou quando o saltitante Ministro da Cultura do lula-quase-assumi esteve por aqui fantasiado de africano. Na crista da onda, tocando no rádio, como sempre desejou, tietes, lambe-cus et caterva entraram na fila africana. Escrevi, então, um “textículo” sobre a fila e não entenderam. Fico por aqui.
Agora, negar nunca hei de: eu gosto de dicionários. Às vezes, porém, como acontece com as melhores famílias da favela Bola na Rede e vez por outra da Cangote do Urubu, na pressa por um lugar no futuro às vezes este Malabarista de Palavras esquece o Pai dos Burros e continua com as velhas, mas indispensáveis palavras de sempre. Ah, sem esquecer que tem velhas que valem por mil novas! Putaquelosparis é uma das tais.
Mas, por falar em Pai dos Burros, burro mesmo, se os meus dois leitores concordam comigo é quem batizou esse livro que, fôssemos um país um pouquinho mais letrado, disputaria com a Bíblia o lugar mais alto do pódio como o mais vendido. Burro mesmo, como costumo dizer aos colegas, é quem nunca procurou comer uma graminha nesse oásis de palavras e significados. Mais: burro não tem dúvidas, apenas certeza.
Também não nego que gosto de palavras novas. O novo, apesar de tantos velhos na idade e mais velhos ainda de cabeças, como lembrava, assim mesmo, a minha sempre jovem mãe Chiquinha, sempre vem. Uma palavra nova, toda traquejada, como diria o meu irmão Paulo, posta num frase tamanho de nada e em preto e branco pode dar um colorido especial. Vale a pena tentar.
Notaram? Não?!Embora estejamos no segundo tempo, isto é, no final das mal-traçadas, vou entregar o jogo: a única palavra “nova” usada em todo o ‘textículo’ foi “et caterva” que, enquanto para muitos nada significa, para uns – dependendo do uso – é um grupo de pessoas, multidão etc. Para outros o mesmo que vadios, desordeiros, pessoas de mau comportamento, malta, súcia e outra vez etc. No inglês, traduzida como crowd, indica “grande número de pessoas ou coisas”.
Sentiram também? Frescura. A mesma coisa: um grupo. E fim de papo.