“bangue”, “blang” ou “kapow, kapow pow”, “pam”, “crack” ou “bang”?
Afinal, que tiro foi esse ?!
Amanhece o sábado em mim com esse tiro na cabeça. Mas foi ali mesmo: no peito. Por que um tiro no peito? tudo uma questão de escolha. Uns morrem muito antes de atirar na cabeça ou no peito. Assim fez o poeta. No peito.
Amanheci com o barulho do tiro que matou o poeta Maiakovski. Vladimir Maiakovski.
Nem preciso recorrer ao Dr. Google, o Freud dos nossos tempos, para lembrar a fatídica data: 14 de abril de 1930.
Mas o que fez o poeta apressar a troca de roupa e mudança para outra cidade?
São muitas as versões. Muitas. Mas continuarei preferindo a minha: viver não é fácil.
Tinha 36 anos o poeta. Jovem, mas velho na capacidade de poetar.
Genial poeta!
Acordo.
O tiro não faz mais barulho. Na cabeça (e dentro do peito) um só pensamento: saúde e paz, meu filho!
A carta- despedida do poeta suicida Vladimir Maiakovski
A todos
Ninguém é culpado da minha morte e, por favor, nada de fofocas. Ao defunto não lhes gostava.
Mãe, irmãs e camaradas, sinto muito, este não é o caminho- não recomendo a ninguém- mas não tenho outra saída.
Lília, ama- me.
Camarada governo: minha família é Lília Brik, minha mãe, minhas irmãs e Veronika Vitodóvna Polánskaia. Se lhes fazes a vida suportável, obrigado.
Os poemas inacabados dá- los aos Brik. Eles os decifrarão.
Como se costuma dizer:
“Acabou- se”,
o barco do amor
se arrebentou contra a vida cotidiana.
Estou em paz com a vida, não vale a pena recordar
sofrimentos,
desgraças
e mútuas ofensas.
Sejam felizes.
Vladimir Maiakovski, 12-4-1930
Amigos do VAPP não penseis que sou frágil. De verdade, não podíeis me ajudar. Cumprimentos.
Dizer a Yermilov que me arrependo de haver tirado a nota, era necesario haver lutado até o final.
VM
Sobre a mesa há 2.000 rublos, para pagar os impostos.
O resto cobrar ao Giz.
Sobre as pessoas e coisas citadas na carta:
Lília Brik foi a amante de Vladimir durante muito tempo. Lilia, seu marido e Maiakovski formavam um complexo triângulo amoroso.
Em tempo: O poeta e dramaturgo Vladimir Maiakovski (Georgia – antes Rússia-, 07/06/1893- Moscou, 14/04/1930) escreveu uma carta-despedida e suicidou- se com um tiro.