Dia desses Raimundo Sodré, aquele da “massa da mandioca, mãe”, esteve por aqui para ganhar uns trocadinhos. Faz um bom tempo. Ah, faz! Naquela oportunidade só fui vê-lo porque, sem saco para ver a cada semana um novo CD de um artista paraibano que promete ser um novo Chico César, também esse mesmo saco não tinha – nem tenho ainda – para ver sujeitos sempre parecendo cópias deles mesmos.
Lembro-me do estardalhaço que fizeram quando esse bom baiano apareceu com a suas chulas e sambas de roda. Mas o terceiro lugar – o terceiro e não o primeiro como andavam dizendo por aí – no festival global não foi o suficiente para fazer com que conseguisse colocar no fogo o “caldeirão musical” que trazia preparado desde os anos 70, quando largou a Faculdade de Medicina para viver de música.
No comecinho dos anos 80, a Associação Paraibana de Imprensa tinha sempre aberto um barzinho no térreo desse prédio que hoje não sei para que estar servindo, onde bêbedos e equilibristas das palavras se reuniam para longos e festivos papos etílicos. E foi entre uma cerveja e outra que conheci esse baiano que sempre soube manter, mesmo com o anunciado sucesso, os seus – dele- pés no chão. Sabia o festivo Sodré já naqueles distantes anos, que o sucesso sempre fora mais passageiro do que motorista.
- Fazer sucesso é a coisa mais fácil do mundo! Nunca vi coisa tão fácil quanto fazer sucesso! O difícil, companheiro – o PT ainda era uma fotografia na parede e um Partido que começava a nascer com uma cara de gente honesta-, é manter-se nele! É muito difícil um artista conseguir fazer e ser sucesso por muito tempo!
Nesse dia não estava querendo dar uma de sábio ou adivinho o cantor da Massa, não. Ele, uma inteligência acima de média, sabia que a massa queria mais. E que a Massa que lhe trouxe o sucesso não satisfazia a sua – dela – fome de novidade. Não demorou muito, e todo mundo constatou: Raimundo Sodré despontou para o anonimato.