Roberto luna e outros

Dom Cardoso.
Roberto Luna ou Valdemar Farias?

Há um provérbio nordestino que diz: tanto faz como tanto fez. Pois é, chamar o grande cantor paraibano, natural da região brejeira de Serraria, de Valdemar Farias ou Roberto Luna dá no mesmo. Valdemar Farias é aquele menino de família remediada que saiu do Sítio Canadá, no interior da Paraíba, para Campina Grande, aos 18 anos. Este sítio pertencia a seu tio, Sales Farias, pai do jornalista Welington Farias, o Fodinha, atuante nas televisões, rádios e jornais de João Pessoa. Ele nasceu Valdemar, em 01 de dezembro de 1929. Hoje está com 90 anos, e seu nome é Roberto Luna. Por que? Ora, se tornou um cantor conhecido em todo o Brasil, após 1945, quando resolveu embarcar do Recife para o Rio num navio comboiado, que transportava soldados para a peleja da Segunda Guerra Mundial. No mesmo barco, por coincidência, ia o maestro Severino Araújo, da Rádio Tabajara, naquela época já ouvida em boa parte do mundo, por causa de seus dez quilohates na antena. Fodinha, que é primo legítimo de Roberto Luna, nos confidenciou que seu parente famoso tinha um cargo que muitos invejam, nos dias de hoje: era guarda alambique –provador de cachaça – no engenho da família. Até aí ele era Valdemar. Passou a se chamar Roberto Luna, ao se inscrever num programa de calouros (Rio) e ser anunciado, com este nome, pelo locutor Afrânio Rodrigues. Antes, Roberto já havia trabalhado com o ator Ziembinsky e foi apresentado por Assis Valente a Chianca de Garcia, para ser contratado como cantor. Depois deste fortuito encontro, gravou seu primeiro disco” Por Quanto Tempo” e “Linda”, com o selo da Star. Em 1953 Sérgio Vasconcelos contratou-o para a Rádio Clube e ele passou a aparecer nos programas Caderno de Melodias, Ciranda dos Bairros e Audições. Acabou lançando, para o carnaval do mesmo ano, o samba Jurema e a marcha Deixa-me em Paz, pela Copacabana. Simultaneamente, o conjunto musical Copacabana, pertencente ao selo homônimo, acompanhou- na gravação de Minha Casa é Meu Chapéu e de Pode Voltar. Cantor de sucesso nacional na década de 1950, fazia delirar as fãs com os as músicas de boleros e aquelas de roedeira ou dor de cotovelo, como Molambo, Relógio, Nunca, Vingança, Castigo, História de Amor e Quando que me Queiras, desta vez endossado por compositores de renome, como Lupicínio Rodrigues, Dolores Duran, Alfredo La Pete, Roberto Luna ou Valdemar Farias? Cardoso Dom escritoriocardoso@gmail.com Jose Nunes jnunes48@hotmail.com Editoração: Ulisses Demétrio Edição: José Napoleão Ângelo Editoração: Ulisses Demétrio Edição: José Napoleão Ângelo ? ? ? Quem foi Lourival Faissal e outros. A RGL lhe proporcionou o LP Adiós Pampa Mio e outros tangos famosos, como Confissão e similares. Polivalente, ficou na simpatia do cineasta Rogério Scanzerta e participou, como ator e cantor, do filme brasileiro O Bandido da Luz Vermelha, em 1968. Passou a apresentar-se, exclusivamente em buates, a partir de 1970. Foi dono de uma delas, nas noites cariocas. Abriu uma excessão em 1972, ao gravar, pela Chantecler, o LP Roberto Luna, destacando-se Gaivota e Negro Véu, dos consagrados compositores Zé Bastos e João Reis. A RGE relançou seu este em 1990, com todo seu repertório, em 10 volumes. Há 10 anos, quando este colunista tinha um solicitado programa de rádio, em João Pessoa, Roberto Luna apareceu por aqui. Estava fora do círculo artístico e eu insisti para que gravasse um CD intitulado Uma Homenagem a Anísio Silva. Gravação concluída, Roberto passou a vender esta sua obra por preço acima do normal no mercado fonográfico, em shows especiais. O sucesso foi efêmero, mas logramos êxito em convencer o grande Roberto Luna a gravar repertório de Anísio Silva, outro cantor de sucesso. Ao longo do tempo, a mídia me fez chegar às mãos outras informações sobre este grande cantor, remanescente de uma geração de artistas, cujos estilos estão em extinção. Fodinha nos diz que ele foi contemporâneo de Sílvio Santos, Hebe Camargo, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Jacob do Bandolim e Sílvio Caldas. Hoje, nonagenário, representa um dos grandes nomes da era dourada do rádio. Tornou-se Valdemar Farias, porque o notário cartorial errou a grafia de Valdemireste seria seu nome de batismo. Fala-se que uma das canções mais consagradas em sua interpretação, foi o bolero “Que Murmurem”. Imaginem: predestinado a viver entre astros luminosos, seu primeiro contrato profissional foi assinado por Dias Gomes. E gravou canções de Vinícius de Morais. Seu Pai, Sales Farias, ficou amigo de Severino Nogueira, o primeiro aviador paraibano, natural de Juazeirinho, que saiu da Paraíba para a Califórnia (EUA), a bordo de um aviãozinho Pipper. Sales começou a voar com Nogueira, sem se importar em arriscar a vida. Sales até tirou Brevet Como se a vida lhe fornecesse dicas de premonições, Luna, antes de ser cantor, trabalhou numa fábrica de rádios. A fábrica era de um português, que namorava uma ex-atriz de teatro de revista. Ela se chamava Esperança de Barros. Nos finais de semana Luna entregava rádios de 12 válvulas aos compradores que moravam nos morros. Outra vez, uma premonição: Em Nova Iguaçu trabalhou num serviço de alto-falantes, cujo dono era um francês chamado Eugênio Beuvalet. Para quem se tornaria um grande cantor radiofônico… Só houve uma profecia envolvendo Luna, que cumpriu-se ao contrário. Em Campina Grande ele conheceu Catulo de Paula, mais tarde um grande compositor. Luna cantava serenatas com ele, mas reclamava da sua desafinação. Catulo dava o trôco: olha, rapaz, sua impertinência é demais. E sabe de uma coisa? Você nunca será cantor? Se fosse viver de profecias, Catulo de Paula morreria de fome. Ele não imaginou que, em 1959, Luna gravaria, com Edith Piaf e Marguerite Monnot, a versão brasileira de Hino ao Amor, elaborada por Odair Marsano.

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