Por Anco Márcio – em 18/03/2006 às 14h11
Antigamente nos sábados eu enchia a cara e ficava bêbedo, perambulando pela cidade. Na verdade , começava na sexta, no final da tarde, depois parei. Vi que era uma guerra desigual: quanto mais eu bebia, mais bebida fabricavam. Assim, quando vi que ia me acabar primeiro que a bebida, resolvi parar.
Nos sábados, tempos já distantes de minha juventude, eu ia namorar. Tinha os famosos pais carrascos que só deixavam as filhas namorar no final de semana, como se por acaso namoro fosse uma coisa de dia marcado, e não um encontro de pessoas que se gostam.Pois era.Sábado e domingo até nove e meia.
Por esse tempo havia mais virgens. Mas as meninas de hoje não são menos virgens nem menos puras, por namorarem a semana inteira e freqüentarem motéis, engravidando solteiras, aos quinze, dezesseis e dezessete anos. Pra mim essas são tão puras quanto as de minha adolescência, onde a gente só pegava na mão.
Nos sábados, era dia de Zona cheia, de velhos e venerandos senhores que tomavam licores e vinhos importados e também da gente, os mais jovens que íamos transar com uma puta alegre a fim de que o esperma não subisse pra cabeça, como se dizia na época. Eu, como nunca fui muito de respeitar regres, ia na zona a qualquer dia.E pra minha cabeça nunca subiu esperma.
Sábado também era dia de “torneios” de futebol nos muitos campos da cidade, notadamente nos campos de Jaguaribe. O bairro que deu mais craques ao futebol pessoense e paraibano. A moçada jogava na Vila Popular, no local onde hoje é o CEFET e no campinho da Cruzada, isso afora os locais menos freqüentados.
No sábado também tinha a Missa das Oito na Igreja de Lourdes, e depois no Rosário. E o Papa falou que aquele que fosse á missa do sábado de noite, estava dispensado de ir no domingo.E todo mundo passou a freqüentar a missa do sábado de noite, pra dormir mais no domingo.
Sábado de noite, se formavam imensas filas na porta do Plaza e Municipal pra ver a maravilha que era o cinemascope e o vistavision, coisa que nem adianta explicar pro pessoal de hoje, pois todos os filmes perderam a graça e são num monótono cinemascope.
Sábado também era dia de “pegar nêga” na balaustrada. Pegar nêga era ir pra rua, transar com as empregadas domésticas, que de tão doces e domésticas, se davam pra gente e ainda enfrentavam com galhardia ( e bota galhardia nisso!!) as “filas” de adolescentes sedentos de sexo.
Sábado, dia do Bar de Rufino cheio, estavam lá, Mularo, Dezoito, Cabo Josebias, Livardo, Agápio. Wilson, irmão de Josebias e Tioma. O Sargento Jurandy, comissário do bairro, passava com uma patrulha(?) de dois soldados. Eu nunca ouvi falar que ele tivesse prendido ninguém. Não por incompetência, mas por não haver necessidade mesmo.
Eram alegres os sábados de minha juventude que já se foi e não volta nunca mais. Hoje, no sábado, aproveito pra dormir às seis horas. Não que me falte diversão, Falta vontade de sair. Afinal de contas, eu já vi e revi todos os lugares, Conheço e desconheço todas as emoções do sábado de noite.