são essas coisas que me fazem acreditar mais nas coisas que não vejo
Ontem, falando com a Rosa e sentindo o seu perfume, bem pertinho, lembrei que o tempo passa e voa sem envelhecer e cansar as asas. Ela, porém, a Rosa, continua cada dia mais bela e boa. E se vocês não disserem que estou puxando a brasa para a minha
sardinha, e sei que não dirão, pois a Rosa nada de sardinha tem, direi sem medo de estar sendo feliz que a Rosa está mais bela e ótima. Tem mais: faz-me um bem imensurável amanhecer tendo ao lado a beleza da Rosa.
Ontem, passeando o olhar por este espaço internético, descobri que a morte de uma cadelinha comove mais que a possiblidade real de uma criança que passa em nossa porta a implorar por uma esmola para não morrer de fome. Li entre a tristeza e o desprezo que colegas mandam pêsames e deixam nas entrelinhas até conselho para que sua – da cadelinha – dona mande rezar uma missa ou ato outro
cristão em favor de sua – da cadelinha – alma. Uma tristeza, repito. E essa maior que a tristeza da “mãe” da cadelinha.
Um dia escrevi neste singular espaço Plural que os livros novos que pego para ler geralmente não são bons, e os velhos que nessa quarentena me pego lendo estão cada vez melhores. Os Sertões. Esse é um dos bons. Ontem, porém, para o meu desprezo ouvi uma
“professorinha de literatura” falando para os seus alunos que as duas primeiras partes do grande livro do Euclides – Terra e o Homem – eram um inferno. E que tentara inúmeras vezes atravessar esse inferno mas não conseguiu. A professorinha estava com o diabo no corpo! Senti uma pena da gota serena. Dela não, o atraso; de seus alunos, o futuro.
Sem modificar qualquer modo de vida – lembrando o bom Roberto Carlos -, somente se deve gostar de quem gosta da gente. Foi o assunto que assim mais que repente surgiu em papo sem quaisquer pretensões de gostar ou não gostar de quem se falava. Pois é. Não recomendo o desprezo nesses casos. A indiferença. Essa! Ela apaga de uma vez por todas a imagem de quem não merece ser lembrado. “Por que estás fazendo isso?” Silêncio. Em seguida aquele ar de “acho que tem mais alguém aqui ao lado que não consigo ver”. É a indiferença total. 
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2020-06-28