Só se é curioso na proporção de quanto se é instruído

Só se é curioso na proporção de quanto se é instruído

Não digo “eu li e eu vi e eu sei”, sem ” ter lido, visto ou… sido (risos)” Não sou do tempo daquele nosso intelectual jornalista que leu – confissão dele – inúmeros livros que nunca foram escritos e assistira a outros inúmeros filmes que nunca existiram.   Sou direto e certeiro como uma flecha de Robin Hood.   Se não sei, não digo. Não sou.   Tem mais. Mesmo não sabendo de “nada” não me arrisco a dizer onde esse “nada” se esconde.

 Por que assim começo estas mal-traçadas? Porque foi assim que eu amanheci: curiosidade na cabeça, tronco e membros. Especialmente na cabeça.  Sobre essa curiosidade, amanhecendo, lembrei-me de Ellen Parr, filha de Martin Parr, “fotógrafo documental britânico”. Eu acho.  Um dia, curiosa, também acho, escreveu que “A cura para o tédio é a curiosidade. Mas não existe cura para a curiosidade”. Bacana, não? Sim.

 Deixando de lado os dois, isto é, pai e filha, confesso ainda que a curiosidade me leva a descobrir novos caminhos para a lembranças, e abre outro para o conhecimento. Sou por natureza uma pessoa curiosa. Um exemplo? Não me diga que cientistas brasileiros conseguiram castrar mosquitos transmissores da dengue, que, ato continuo, vou procurar saber como foi possível conseguir esse feito, sem fazer esses perderem o tesão pelas jovens e sadias mosquitas de suas predileções.

 Acreditem. Sou um cara que não se conforma em saber apenas quem pintou a zebra.  Vou querer sempre mais.  Saber porque o pintor teve esse tremendo mau-gosto de pintar esse animal com as cores do Botafogo. Apenas em duas cores, quando se tem sobre a cabeça, em belos dias de chuva, o belo e eternamente alegre arco-íris.

 Vocês tão vendo e sabendo. Sou um curioso assumido. Daqueles que ouvem uma palavra desconhecida, e se não conseguir encontrar o seu significado na internet, o Freud dos nossos tempos, procura imediatamente um otorrino. Ela, a palavra, está lhe fazendo mal.curiosidade um

 Não acredito na pessoa que acreditando, por exemplo,   que um  raio não cai duas vezes no mesmo lugar,  mas sabendo que por duas vezes seguidas o dito cujo caiu na cabeça do seu vizinho, aquele com quem bate papo todos os dias, não procura saber essa não recebeu  o privilégio de ser uma “pessoa iluminada”

 Tem pessoas mais curiosas ainda. Doentes até pela falta de curiosidade.

 Vocês chegam pra essas   e diz – outro exemplo – que chegar à conclusão que Machado de Assis morreu assassinado pelo Bentinho, acusação essa feita pelo Escobar, embora Capitu afirme que nesse dia e hora estava com ele “fazendo” Ezequiel, elas nem procuram se ele está preso ou foragido.

 curioso doisEssas pessoas vivem em mundo em que, se esse um dia vai explodir, e pensarão se tratar de uma bombinha peito de veia soltada por um sujeito – assim como este – com saudade dos verdadeiros São João em sua Republica Independente de Jaguaribe. Vou em frente.

 Se você falar do cético Ludwig Wittgenstein e sua insistência em dizer que ninguém é capaz de provar a existência de “curiosidades, ela – a pessoa não curiosa – sequer esboça aquele ar de “ora quem é esse?”. Se falar em Descartes, ela pensa – as vezes – e logo desiste: descarta. Exemplo? Se alguém lhe disser que existe uma cidade de nome “se quiser o meu dinheiro vá tomar no fundo”, ela vai achar que esse fundo aí nada tem partidário.  Meu Deus! Essas p pessoas não vivem. Sobrevivem. Sem a curiosidade não existe salvação. Seja curiosa.

 A curiosidade está para o ser humano, assim como a água está para o andarilho perdendo no meio de um deserto que nunca recebeu o beijo de um pingo. ah, mas por que não encerras estas mal-traçadas com uma lembrança arretada do Jean-Jacques Rousseau? Posso. Obrigado. Então repito: Só se é curioso na proporção de quanto se é instruído.curioso quatro

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