Vejo o mar. Vejo-me no mar. Acabei de receber essa foto onde o mar navega em mim. Sem problemas. Não sou lá muito profundo. Não somos. Mas é na superfície que muitas vezes nos afogamos de lembranças. Foi o que aconteceu. Tudo captado pelo olhar cheio de vida da Rosa. Afoguei-me nelas (nas lembranças). Se a tranquilidade do mar (ele disse “água”) permite refletir as coisas, o que não poderá a tranquilidade do espírito? Chuang Tzu disse. A pergunta foi dele. A China pariu bons filósofos. Mas nesse momento a filosofia não está com eles. Solta no ar. Está. Assim como a música. Afogo-me em lembranças. As vezes dói e muito. Como agora. Outras vezes deixam (as lembranças) mais leve a vida que levo. A vida? Não devemos fazer dela um rascunho. Amanhã poderá ser tarde para passá-la a limpo. Mario Quintana. Foi o meu poeta. O meu olhar está triste? Talvez. Mas triste mesmo é aquele que não pode olhar nem ver que num piscar de olhos a vida se foi. Pausa. Irei piscar menos.
Belíssimo texto! Nos faz telebrar memórias armazenada de nossas vidas.