Nada melhor que escrever uma crônica sobre nada ou sobre tudo. Um sobretudo vermelho em cima da cama. E um bom exemplo. A cor, porém, pouco importa. Sobretudo essa.
Sentar num banquinho de praça e imaginar o que cada pessoa que passa está fazendo de sua vida. Se a aproveitou como a vida merecia ou perdeu muito tempo na vida tentando aproveitá-la.
O bom mesmo é ficar sem fazer nada inventando histórias que esse inventor sabe que nunca serão contadas. Sorrindo sozinho. Pausa. Não é sinal de loucura. Nunca pensem. Sempre que a gente sorri está bem acompanhado. E a alma, para os que acreditam nela, se delicia nesse momento. Sorri também. Gargalha até.
O bom, o melhor, o ótimo é escrever contando histórias que somente o contador sabe começo e fim. Melhor: sabe como começar e como um Deus onisciente, onipresente e onipotente pode mudar o seu final e agradar a todos os fiéis leitores. Sem esse S! ah, sem exceção!
Sentar num barzinho na beira do mar, como sempre estou fazendo, e ficar naquele “estado zen” de onda me leva e onda me traz. Nenhuma preocupação. Mas nenhuma mesmo. Não é fingir naquele momento “não ter nenhuma preocupação”. É não tê-la.
Mas, se tiver, nesse movimento de onda levando e trazendo, sendo mesmo sincero, ela – a preocupação – irá com a onda que vai e nunca mais voltará!
Deixar o vento passar. E sem o que o cliente ao lado perceba sorrir baixinho com ele. Com o cliente não, com o vento. Olhar a moça que passa com um biquíni maior do que ela, mas feliz por sentir-se completa dentro dele. Sem sobrar nem pedacinho desse lado nem daquele. E se cor não combinar com ela pouco importa. Ela caminha vendo a vida em cores.
Escrever sobre essas coisas e coisas outras. Todas as coisas. Embora muitos achem que falar em “coisa” seja pobreza linguística. Fazer delas, dessas coisas, as coisas mais importantes do seu dia.
Só uma coisa: não pensar. Nesses momentos o pensamento entra de férias e põe a visão para trabalhar. O sentido? Ah, esse é muito importante. Não aquele “sentido” autoritário dos militares. Mas um sentido que não dói, leve como o vento que penteia as palhas do coqueiro!
Um dia assim, mesmo que ele passe depressa, pois, convenhamos, os melhores dias são rápidos como o pensamento, vale por toda uma história de felicidade passada. Afinal, é um dia presente, visto. Um dia quase palpável. Pausa. Escrever sobre essas coisas faz um bem danado.
Hoje, se o Destino, esse em que não acredito e muitos tentam provar que ele existe, se existir e Ele quiser, será um dia assim.
Estão convidados a escrever sobre ele. Se assim uns preferem. Ou vivê-lo como preferem outros. Ou ainda vivê-lo como se ele fosse uma propriedade somente sua.
Acabo de fazer a barba. Tudo bem. Explico: refletia. Estava diante do espelho.