Tota, o meu irmão apressado…
Meu irmão que, apressado, pulou uma etapa...

Tota, o meu irmão apressado…

 

Quando eu morrer, um aviso para os meus, não quero choro nem vela, quero uma fita e uma amarelinha que não é uma pilha Rayovac, engatada com o nome dela: Maria dos Anzóis Pereira. Nada de choro no pé (ou seria “nos pés”?) dos meus ouvidos mortos! Tudo bem. Sei que vou partir, mas volto um dia. Na forma de um galo-da-campina ou de um cavalo que eles chamam de quarto de milha. Um cavalo de corrida. Podem ter certeza: na terra ou no ar estarei presente!

Lembro que a minha mãe ainda em coma, “aveceada” – deu pra entender, não? -, sabendo que estava próxima o seu trocar de roupa e se mudança para outra cidade sai à procura do caixão e do pedaço de terra em que enterrariam a sua casca, sua roupa de carne e osso que usou por quase oitenta anos. Imaginem a cena: a minha mãe ainda viva, mais morta do que viva, é verdade, e este escriba preparando a “mala” para a sua partida. Sentia uma dorzinha lá no fundo peito. não nego. Mas, também nesse mesmo lugar, no fundo do peito, carregava a certeza de que ali não estavam “enterrando a minha mãe”.

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