Podem anotar: se eu fosse um desses candidatos corruptos e ladrões que busca um mandato ou faz das tripas coração para uma reeleição, buscando fazer do mandato conquistado uma blindagem política e manto para a impunidade, um verdadeiro ex-croto, por Nossa Senhora da Penha, Santa de quem sou devoto, não teria nunca a coragem de ir à televisão mostrar a minha cara de morto ao vivo e pedir o voto desse povo bonzinho, inofensivo e sem memória. Nunca!
Eu usaria cartas, bilhetes, cabos eleitorais, irmãos, primos, sogra, mulher, empregada, motorista, vigias, seguranças, amantes e piranhas que encontrasse por aí, corromperia e seria corrompido, roubaria, mentiria, usaria laranjas e outras frutas, mas nunca teria a coragem de falar ou mostrar, todas as noites, a minha cara de morto aos vivos pela televisão.
É sempre assim: eles fazem pose de honesto, caras e bocas de honesto, falam em honestidade, mas não conseguem enganar a ninguém. Tudo aquilo é emprestado. É como um smoking alugado para ser usado por uma noite apenas. Ou melhor: até último dia da propaganda eleitoral televisiva.
Vou acabar morrendo de tédio. Ou matando. Mas será que eles não têm espelho em casa?