Foi tudo muito de repente. A mulher de roupa colorida e folgada, vestindo um corpo sem curvas, aproximou-se e disse que gostaria de falar comigo. Um aviso para começo de conversa: sou desconfiado de todo mundo que à queima-roupa, vestindo uma roupa assim ou não, diz desejar falar comigo.
Pois não. O senhor acredita em leitura de mão? Como ?! Leitura de quê mesmo ?! Leitura de mão. Não. Sou analfabeto nesse tipo de leitura e nessa leitura eu não acredito. Não estou perguntando “se o senhor lê mão”, foi enfática, mas se acredita nessa leitura.
Nem uma coisa nem outra, respondi, hoje as mãos vem com códigos de barra. Não é preciso que se leia. Basta passar por ela aquela maquininha com “olhos somente lucro” e tudo está desvendado. Tudo está lido. Nada mais de usar os olhos para leitura de mão.
Agora é assim: passou a máquina o resultado aparece. Tantas linhas assim e assado. Essa mostra que escapei de morrer atropelado por um tem porque, muito esperto, saí da linha na hora exata; essa outra, muito bem conservada, pode ser usada para empinar uma pipa ou jogar pião. Nada mais de leitura a olhos nus.
É pago? Não. Pausa. Pago não, você dá uma contribuiçãozinha pelo meu trabalho de desvendar o seu passado, esse que você sabe melhor do que eu, o presente, que acredito saber também muito bem, e livra-lo, se for o caso, dos perigos que se encontram na próxima esquina e você nem desconfia.
Mas não fiquei por aí. Perguntei-lhe mais.