Chinelo, esse personagem meu preferido do bairro de Jaguaribe, nunca me falou sobre a nossa Academia de Letras, nunca se preocupou em alcançar a imortalidade entrando para essa Casa que, segundo o Millôr, o bom e saudoso Millôr Fernandes, se compõe de 39 membros e 1 morto rotativo.
Conheci Chinelo se arrastando pelas ruas do meu bairro, esse bairro seu, por merecimento, pois, afinal, não era nativo desse bairro, como me disse outro dia, sem em nenhum momento ficar sujo nesse arrastão. Chinelo costurava as ruas com os seus pés de agulha em carne e osso, tricotava, isso, tricotava!
E a Academia?
Chinelo não amarelava nem perdia as tiras quando alguém lhe perguntava . E a única academia que conhecera fora aquela que pulava quando criança na cidade em que nasceu. “Academia de Letras” ? Nem pensar Respondia assim tirando de letra a pergunta do curioso.
Hoje, assim sem querer, mas querendo, passei por uma das casas de Chinelo nesta cidade. Essa em que ele morou por mais de 80 anos.
Essa é apenas uma das casas. Pois, afinal, Chinelo tinha muitas moradas. Sendo que a maior delas, como me disse certa vez, era o mundo.
Vocês querem uma prova maior de sua imortalidade? Chinelo está vivo em nossa memória! E, se é imortal, não é porque não tinha onde cair morto, como dissera aquele outro, imortal por acreditar que nunca morreria.
E não morreu! Chinelo não morreu!
Realmente, uma figura sempre encontrava na Av. João Machado quando estudava no Dom Adauto. Velhos tempos belos dias. Um abraço
uma bela lembrança! essa também faz parte das minhas! putrabraço!