Estava n’O Momento do saudoso Jório Machado. Acabava de “descer” a matéria da minha coluna. “Coisas do Momento”. Era o seu nome. A tarde caía. As pessoas passavam pela “televisão da janela” do prédio do jornal. De repente, assim mais que de repente, lembrando o poeta, lembrei do Gonzaguinha. Estava “passando o som” para o show da noite. Naquele exato momento. Gonzaguinha da Vida. O show. Um show. O Santa Rosa não ficaria tão cheio assim. Gonzaguinha ainda não era o Gonzaguinha. Aquele que anos depois faria as pazes com a vida. Com a alegria. Tudo sem vergonha de ser feliz. Fui lá.
Cheguei. Pouca gente. Quase ninguém. Seu Antonio era o porteiro. Estava por lá. Ensaiava o porteiro que seria a noite. Porteiro. Um inferno. Mais tarde seria. Pensava. Não foi. Entre as muitas pérolas Gonzaguinha sairia com uma inesquecível. Doeu. Confesso que doeu. Perguntado sobre a lembrança mais forte que carregava de sua – dele – mãe Odaléia, essa biológica, saiu com essa digna de figurar como hors concour em qualquer lista de mau-gosto.
- E aí, Gonzaguinha, sei um pouco da vida de Odaléia. Deves saber mais. Natural. Muito mais. A minha pergunta? Simples: qual a lembrança mais forte que carregas dela?
- De Odaléia – não disse “da minha mãe” -? Ah, essa não me sai nunca. A lembrança dela sujando as paredes brancas do hospital com o sangue de sua tuberculose!
Não disse mais nada, porque nada mais lhe perguntei. Nem tinha condições para isso.
Resposta tétrica . Vixe!!!!