EU PLURAL – assistindo aqui esse eterno “imbróglio” sobre a tragédia de Brumadinho, cada um tirando a sua da seringa e guardando a bunda apenas para toma injeção de ânimo, alguns, eis que de repente ou mais que isso me pego lembrando um poema do nosso poeta-mor Carlos Drummond de Andrade, que é uma bela descrição do que ocorreu e ocorrendo continua por lá. Uns sacanas, se dúvidas. Ah, se fossemos um país sério! Drummond foi profético. E ainda dizem que a “poesia não serve para nada. “Quantas lágrimas disfarçamos sem berro? ” Pergunta o poeta nesse poema-crônica ou quase isso. Se assim eu digo é porque além do grande poeta que foi o filho de Itabira, também era um excelente cronista. “O Rio? É doce. A Vale? Amarga. Ai, se antes fosse. Mais leve a carga.” Uma crônica? Mais que isso: um grito de revolta. Um grito enquanto tantos silenciam, cumplices de tamanha sacanagem. – 1berto de Almeida
“O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?”
(Drummond, 1984)