o poeta não se molha.
chove na praça.
o poeta vê a chuva.
apenas.
não tem medo da chuva o poeta.
a roupa do poeta é a prova d’água.
feita de bronze.
a poesia do poeta não se enferruja com a água.
ela mora dentro do poeta.
o poeta está no centro.
fora do eixo.
ninguém passa pelo centro
do poeta
usam outros meios.
imeios.
vendo tudo está poeta.
mas o poeta calado continua.
mudo.
mudou-se há muito o poeta.
mudo também.
divago.
divagar.
chega o poema.
devagar se vai
foi-se o poeta.
corta!
(agora mesmo no Ponto que hoje não vale os belos e poéticos e históricos Cem Réis!)