Tenho recebido algumas cobranças dos meus dois leitores amigos: como encontrar o que restou do teu silêncio? Poderia silenciar. Mas, respeitando esses que precisam de palavras para entender e falar do meu silêncio, o que restou dele, como não sou “vendedor de livros” não fico silencioso: o restinho dele, desse silêncio descrito em palavras, ainda pode ser encontrado na Livraria do Luiz, aquela da galeria dos Anjos onde demônios também passam por ela.
Uns poucos, porém, como garantia de que o que restou do meu silêncio se fez palavras, guardarei para posteridade, essa em que nunca penso. Do resto, aviso, ainda resta um pouco. Mas, um dia, tudo estará consumado: o silêncio não precisará mais de palavras escritas para existir. Sentir, dividir o silêncio que resta com os amigos. Disso precisaremos sempre. O silêncio, por sua vez, não precisa de mais silêncio. Nem o que dele restou.