Tudo começou no dia 18 de março do ano das graças de Nosso Senhor, quando Jose Mota Victor, filho da cidade de Patos, município situado a pouco mais de 300 km da capital da Parahyba, recebeu um imeio de Milton Santos, emérito professor da PUC paulista. O professor que ora trabalha na reunião e digitalização da obra do escritor russo citado, pedia nesse imeio a autorização patoense para digitalizar o livro “Os Sete Enforcados” de Leonid Andreiev, constante em sua vasta e valiosa biblioteca.
Simples, não? Muito simples. Mas, podem acreditar, não se veria assim tão simples se a obra solicitada pelo professor, para surpresa minha e de muitos pesquisadores ou não, se eu acrescentasse ser esse exemplar o único existente nas terras brasilis! Pois é. Para os poucos que ainda não sabem – ou seriam muitos? – “Os Sete Enforcados”, um clássico da literatura russa, conta a história de cinco homens e duas mulheres que são condenados por um crime que não chegou a acontecer. Um clima, pelo que se pode imaginar, bem propício para o “kafkiano Kafka” situar mais uma de suas sombrias histórias.
Leonid Andreiev, mais que um contista, excelente contista, também escreveu novelas, romances, comédias e dramas. Mas, como não estamos aqui para contar sobre a vida desse escritor que fora em vida saudado com entusiasmo até pelo Tolstoi, pois o Google está aí para tirar qualquer dúvida a respeito do mesmo e de sua obra, volto ao “Os Sete Enforcados”. Vale a pena repetir: esse é o único exemplar existente na terra brasilis! Raridade que, por aqui, existe apenas na biblioteca de José Mota Victor.
O imeio chegou para provar. Nele o professor Milton Santos, noticiando ser José Mota o detentor desse exemplar raro, resalta que o propósito de sua solicitação é a preservação e divulgação da obra do escritor russo. Leiamos um pouco do imeio (sic): “Uma das publicações identificadas (de Leonid Andreiev) como o Sr. conhece, trata-se de “Os Sete Enforcados”, de 1931, editado por Georges Selzoff. Eu tentei por todos os meios localizar um exemplar desta obra para aquisição, mas o único exemplar que eu tenho conhecimento é o da sua biblioteca.”!
Pronto! Agora, exposta essa raridade única no verde-amarelo, sabendo o possuidor da raridade que possui, ratificado o fato pelo mesmo sabido, eu perguntaria sem medo de receber uma resposta diferente de quem perguntado eu fosse, se você sendo o dono de uma raridade dessas em sua biblioteca, mesmo sabendo da importância da pesquisa e seriedade do professor Milton Santos, deixaria que esse exemplar único no verde-amarelo saísse de sua biblioteca, fosse “copiado” e disponibilizado ao público?
Pergunto ainda: a partir do instante em que essa obra viesse a público, copiada e distribuída, ela não deixaria de ser a raridade que todos sabem e reconhecem esse o seu valor? Eu, particularmente, confesso saber o final da história. Como seria? Se este escriba tivesse que escrevê-la, todo o respeito ao professor e as minhas desculpas ao grande público – informamos que pesquisa da Fecomércio-RJ mostrou que 70% dos brasileiros não leram um livro sequer em 2014 – por não lhe permitir o seu “sagrado direito” de beber na fonte do escritor russo, acabaria no “Fico” que um dia, segundo os que ficaram por aqui, dissera um político parahybano: a obra ficaria na minha biblioteca. Fim de papo. E das mal-traçadas desta quinta.
SOBRE O AUTOR: *HUMBERTO DE ALMEIDA é jornalista e escritor paraibano. CONTATO: 1bertodealmeida1@gmail.com | FACEBOOK DO AUTOR: Humberto de Almeida
Publicado e de lá transcrito: cronicascariocas.com
Caro Sr. Humberto! Fiquei muito surpreso com seu texto. Como minhas considerações são um pouco extensas, acredito que aqui não seja o espaço adequado. Por isso, encaminhei-lhe um “imeio” (entre aspas porque não tenho a opção de itálico neste texto) e fico à sua disposição para continuidade do nosso diálogo.
caro professor, li e (re)considerei o escrito. apenas tomei cuidado com a “raridade”, isto é, sei o seu valor e importancia do seu trabalho, como também da responsabilidade e cuidado e zelo com a cultura (não somente o “livro”) de eminente mestre. nada contra. apenas “o cuidado”, ressaltei, no manuswio e transporte dessa obra unica, por aqui, do grande escritor. abraços. receba as minhas desculpas, caso essa simples opinião tenha servido de “pedra no caminho” entre o mestre o escritor josé mota.