POR ONDE ANDARÁ ESSE HOMEM QUE HOJE NÃO PRECISA DO ESPELHO PARA REFLETIR ?

POR ONDE ANDARÁ ESSE HOMEM QUE HOJE NÃO PRECISA DO ESPELHO PARA REFLETIR ?

Esse rosto parado na fotografia  não está muito distante de mim. O homem. Nunca esteve.  Passo pelo espelho  do guarda-roupa do meu quarto e reflito: por onde andará esse jovem de barba perdendo a cor da juventude ?

Olho e olho e… Olhos abertos,  deixo entrar essa lembrança  que ainda hoje carrego no bolso do lado esquerdo no peito. Por eles, esses olhos, passam momentos e lembranças que se transformaram em fotografias penduradas na parede das retinas.

 Lembro-me bem. Foi ele,  ainda jovem, esse quase jovem,  quem abriu o  caminho por onde esse homem de barba branca caminharia um dia.  Caminha.   Dispensa atalhos e caminhos abertos por outros.  Se esse homem mudou? Sempre! Tudo muda. Sempre mudo. Mas a mudança não se faz com palavras. Mudo não muda nada! 

Agora,  diante do espelho,  procuro os traços com que ele pintou a vida. A minha. A dele.  E encontro! Nunca deixei de encontrar nele o que procuro em mim! Ele não sorri. E se  assim o faz, faz por mim. Sorri para mim.

Retribuo então, agradecido, com esse  sorriso que continua tendo muito dele.  Ele tem os braços cruzados. Percebo. Mas esses são apenas para limitar o seu espaço. O espaço do ser. O espaço “de ser”. Os braços abertos. Abraços.

Mas nada comparado aos braços abertos do seu herói que morreu na cruz ainda duvidando se era aquilo mesmo que Ele queria. Mas, assim como Ele, guardadas as sagradas comparações, ele nunca foi de viver de braços fechados, isolando-se do mundo e de todos. Os irmãos ? Ah, esses  sempre o encontrarão assim: os braços abertos.

 Os livros na retaguarda nos mais diversos títulos, lembro-me de quantos pela frente ele enfrentaria. Muitos! Nenhum, porém, dispensável. Era como se cada um contasse um pouco do muito que para contar nesta vida ele ainda teria. E tem!

 O rosto parado no tempo, preservado, ele mantém o mesmo olhar que hoje  trago comigo. Olho-o nos seus olhos. Vejo neles um olhar de quem sabe o que deseja ver . E, como o desejado aconteceu, ele  consegue ver o homem que aqui se encontra a refletir diante do espalho do seu quarto!

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