Embora não tenha o costume de saudar os amigos assim, gritando com energia A palavra SARAVÁ, sem quaisquer esforços, pois ela soa somente (eco?) energia, acho o seu uso de um bom gosto da gota serena. Digo mais: um uso arretado.
A palavra, mesmo que muitos não saibam o que ela significa, associando-a “apenas” a Umbanda e ao Candomblé, ela vai muito mais além. Agora, quanto a essas religiões, como poucos sabem e alguns delas não sabem nada, são diferentes e muito. Explico: uma, o Candomblé, é africana; e a outra, a Umbanda, verde-amarela. Mas, como dizia no comecinho destas mal-traçadas, gosto e muito da palavra SARAVÁ.
Outro dia, sabendo ser preconceito e apenas preconceito, por ter usado essa saudação – Isso! Uma saudação! -, perguntaram a este MB se ele era praticante de algumas dessas religiões. Respondi que não. Mas que a palavra usada é mais comum do que imaginam os nossos vãs filósofos e as suas vãs filosofias, isto é.
Essa palavra que eu gosto – SARAVÁ – se tornou “popular” mesmo, passando a ser o que hoje realmente significa, uma saudação, naqueles tempos em que a escravidão era oficializada. A história é essa. Hoje, tudo bem, todos sabem que um salário mínimo não é tão escravidão assim. É quase. Por aí.
A história é simples e bonita como todas as coisas simples e bonitas nesta vida. Contam que os escravos africanos tinham dificuldade da gota serena com a nossa língua. Pausa. Nada mais natural. Afinal, tem nego por aí, craque em mandar prender e soltar que não consegue dizer a feia (sic) palavra “cônjuge” e, apressado, troca-a todas às vezes que pronuncia por “Conge”. Assim, por falar uma língua muito diferente da nossa, o “bantus”, os escravos não conseguiam dizer a palavra “salvar”. Simples pra gente, não? Pois é. Os filólogos dizem “impossibilidades fonológicas”.E ficou assim: não conseguindo dizer a palavra “salvar”, diziam “salavá!”.
E SARAVÁ? Eu conto.
A língua – leia-se o “idioma” – é viva. Vocês sabem. Involuem ou evoluem. Dessa vez, acredito, ela evoluiu. Acho. Como os escravos não tinham “língua” para dizer “salvar”, metiam o “salavá” o meio. E, como acabei de escrever, com a evolução dela, isto é, da língua, passou para o “SARAVÁ”
Mas, afinal, o que significa a palavra SARAVÁ? Sem preconceito, sem preconceito. Essa palavra bonita significa uma simples saudação. Exprime alegria e agradecimento, Servindo para ser usada como um elo entre dois seres. Eu, particularmente, acho a palavra arretada. E, por isso mesmo, não poderia encerrar esses primeiros exercícios matinais para os dedos malabaristas, sem a saudação somente alegria ao belo dia de Rosa e aos amigos:
SARAVÁ! Salve os amigos! Bem-vindos os amigos!