SAI DA FRENTE QUE LÁ VEM O “VIRA LATA TAMPA”!

SAI DA FRENTE QUE LÁ VEM O “VIRA LATA TAMPA”!

Desavergonhosamente, como diria o personagem imortal do José Cândido de Carvalho, deixando de lado aquele plágio sacana do Dias Gomes na pessoa do bom ator Lima Duarte, confesso que sou um ouvinte de rádio. Através do rádio eu ouço o mundo. A televisão? Ora, essa eu vejo com outros olhos. Ou melhor: como estes olhos que um dia comeram muito bem a Cláudia Ohana. A televisão está para os olhos assim como para os olhos estão o arco-íris e o pôr-do-sol. Embora, faz-se necessário escrever/dizer, que esses precisam ser vistos para que existam.

Mas o assunto é o VLT, Veículo Leve sobre Trilhos ou Metrô Leve ou Metropolitano de superfície, escolham, mas por aqui chamado por alguns de Vira Lata Tampa.   VLT. A intimidade é grande, enorme. Falam como se o VLT fosse o vizinho, sujeito que eles conhecem desde os tempos de antigamente, companheiro de pelada e roubo de manga espada no sitio da nossa infância.

Mas o VLT, infelizmente, pelo menos por aqui, não é um amigo de todos e por todos querido. São muitos os que ainda o recebem como índios que veem pela primeira vez um “cavalo de ferro”. No bairro de Mandacaru, por exemplo, cortado por essa máquina que é uma sensação, fazendo mais sucesso que carro de Fórmula Um, os seus moradores parecem temer que ele invada suas casas e deixe somente a marca de ferro nos terrenos baldios.

Digo sem medo de errar que se isso acontecesse em outras plagas, acreditem, eu não acreditaria. Mas, por aqui, em Mandacaru, o “cavalo de ferro” é recebido como se fosse o monstro do Lago Ness! Todas às vezes que o “bicho” apita, homens, mulheres e principalmente crianças correm para os seus já definidos pontos estratégicos e esperam a chegada do bicho que vomitava fumava e era mais feio ainda.

Espero um dia, para o bem do povo e felicidade geral dos que sabem que o bicho é inofensivo, que coloquem borrachas nos cascos dele, isto é, do VLT. Por quê? ora, porque assim, sem apitar e fazer barulho, ele passará despercebido pelos inimigos. Mas, como dizia, após ouvir o apito anunciando que bicho está próximo, os mandacaruenses se armam de paus, pedras e o que estiver mais próximo que sirva de “arma” e atacam o “monstro”!

Segundo ouvi pelas ondas do carro do meu tordilho com cascos de borracha alguns novos e belos VLT já andam nos trilhos com as janelas quebradas. No primeiro sinal de perigo o “bicho” apita três vezes seguidas: é o sinal para que todos se protejam!  Tanto que, assim como nas aeronaves, estão pensando em colocar uma pessoa no meio de cada vagão para ensinar o que deve ser feito em situação de perigo.

No seu primeiro passeio-teste, todo fogoso, crina levantada, o “bicho” levou tantas pedradas que se não fosse a perícia do cavaleiro que o guiava ele teria ficado estirada sem vida sobre os trilhos! Os meninos mandacaruenses não brincam, principalmente esses. Pois é, o “monstro” apitou, o grito de guerra entre eles se faz ouvir!

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