não ouço gonzaguinha (ótima figura), escuto gonzaguinha. sempre escuto gonzaguinha. era um artista de fases. muitas boas e outras ótimas. um dia lhe disse que o seu humor tinha melhorado muito. ele me olhou de soslaio, era o tempo de “o que é o que é” (1982).
sempre gostei daquele “viver e não ter a vergonha de ser feliz”. mas, com o passar do tempo, foram tantas as citações que deixei de gostar tanto assim. ótima composição.
mas é ‘sangrando” que sangra melhor no meu peito. uma intepretação definitiva? a do professor cauby peixoto. parece até que o filho adotivo e adotado do gonzagão fez para ele.
um parágrafo, uma observação:
não gosto do cauby se “derramando” nas canções. acho até que esse era um artifício usando por ele, excelente intérprete, para não mostrar que o seu tom – negou-me algumas vezes – estava muito abaixo daquele antigo e melhor cauby de “o sétimo mandamento”, aquela da chorosa “senhor/ aqui estou eu de joelhos /trazendo os olhos vermelhos/de chorar, porque pequei”.
(a)maravida? não é uma de suas melhores composições. essa do “quero o meu peito repleto de tudo que eu possa abraçar/ quero a sede e a fome eternas”. mas não tenho como não gostar. tem mais? só um pouquinho.
escuto gonzaguinha e esse escutar me faz um bem da gota serena. tudo bem. a voz do gonzaguinha nunca foi lá essas coisas. nem a do chico nem também a do nosso chico. sou fã do primeiro chico, o buarque. o escuto tanto quanto o gonzaguinha. embora nos últimos tempos tenha dedicado boa parte dessa audição ao português antônio zambujo e o pernambucano joão fênix. ambos merecem ser escutados.
a voz do gonzaguinha? sinceramente, sinceramente… sinceramente de novo: diz-me muito mais que qualquer outro grande intérprete dizendo as coisas deles. em síntese: ninguém melhor para dizer o se queria dizerbque não seja aquele que escreveu o que está dizendo. por aí. dá-lhe gonzaguinha!
você merece, você merece
tudo vai bem, tudo legal
cerveja, samba, e amanhã, seu zé
se acabarem com o teu carnaval?
você deve aprender a baixar a cabeça
e dizer sempre: “muito obrigado”
são palavras que ainda te deixam dizer
por ser homem bem disciplinado
– comportamento geral
em tempo, se tempo eu ainda tiver: escrevo no celular é dose para estes dedos malabaristas!