FALA, BOLSONARO! DEIXEM BOLSONARO FALAR!

FALA, BOLSONARO! DEIXEM BOLSONARO FALAR!

“Eu desaprovo o que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo. ”

 Seria assim que eu gostaria de começar estas mal-traçadas depois da conturbada visita a minha cidade do deputado campineiro (SP) Jair Bolsonaro. Assim mesmo, citando a frase que muitos creditam ao filósofo Voltaire, mas que na verdade foi dita pela escritora britânica Evelyn Beatrice Hall, biografa – agora sim – de Voltaire, no seu livro “Os Amigos de Voltaire”.

 No meu caso, porém, o mesmo dito aí, mesmo que sofra uma porrada dizendo/escrevendo isso, cai como uma luva em se tratando desse – triste constatação – herói de uma boa parcela do meu povo sofrido e pacífico e carneiro povo verde-amarelo. Pausa. Não estanhem esse “herói”, mas é verdade. É verdade também que   mais triste para um povo que precisar de heróis, como profetizou o dramaturgo Bertolt Brecht, é ter um sujeito desse elevado a essa condição.  

 Somente no comecinho desta mal-traçadas minhas dar para ver que sou totalmente demais contra tudo o que pensa e diz o deputado Jair Bolsonaro. Mas, convenhamos, ser do contra não é ter o direito de cassar o que ele diz nem o criminalizar pelo que faz, desde que não seja crime o que ele está fazendo nem o que está sendo dito por ele.

 A história de atirar pedras no sujeito somente porque ele não gosta das palavras que pinto ou do quadro que escrevo com palavras merece outro final. Sei que o deputado Jair Bolsonaro, assim como “rei” Pelé na pele do seu criador Edson Arantes do Nascimento, guardadas as proporções, tem dito asneiras que não cabem no maior dos sacos de um cidadão mais ou menos bem informado a respeito dos sonhos – quase escrevo “pesadelos”-  dele.  Mas isso é outra coisa. Afinal, respeito ele merece como cidadão e representante do povo que o elegeu.

 Nesta altura dos meus parágrafos é bom não esquecer que o Estado que “ressuscitou, merecidamente, Leonel Brizola à vida verde-amarela, o Rio de Janeiro, foi e continua sendo o mesmo que o elegeu na condição – vale salientar – de “o mais votado” para seu representante na Câmara Federal.  Foi um erro? Ora, mas que não tem direito de errar uma, dois, três ou mil vezes num país em que o crime não somente compensa, mas faz de muitos criminosos heróis nacionais?

  No ano passado, somente para dizer que defendo e defenderei até a morte o direito de errar do povo fluminense, mesmo não concordando com ele e povos outros, Jair Bolsonaro teve o apoio de – pasmem! –  6% por cento do eleitorado fluminense. E pouco? É não! Afinal, esses 6% equivalem ao absurdo número, para um sujeito que pensa e age como ele, de 464 mil votos! 

 Não concordei – nem vou concordar nunca –  com essa ideia, também ditatorial, de apedrejar o deputado ou como aconteceu de impedi-lo de entrar na Câmara Municipal, uma casa do povo e aberta para, desde que eleito legal e democraticamente aceitar todo tipo de Jair Bolsonaro e outros. Repito: sou puto e não concordo com o que diz nem faz esse Deputado.  Tanto que se houvesse por aqui Pena de Morte, pediria para ele ser o primeiro a dar um bom exemplo de sua – da pena de morte – eficácia.  

 Os que me conhecem bem ou mal, pouco ou muito, sabem que sou antes de tudo um sujeito favorável em todos os sentidos ao regime democrático. E aqui mesmo, neste singular espaço plural, tenho dito e repetido que a melhor das ditaduras nem perto chega da pior das democracias.

 Detesto os regimes ditatoriais! Sofri com eles e sofro ainda. Agora, com todo o respeito aos que não concordam comigo, mesmo sem defender até a morte as minhas discordâncias, acho um atraso e atitude mais atrasada ainda a tentativa de calar, considerando o tempo que fomos obrigados a ficar calados, um sujeito somente porque pensa e fala aquilo que não concordamos.

 Deixem essa pústula falar!  Ideias – nada de armas, por enquanto – se combatem com outras ideias. Somos maioria. Por isso mesmo capazes de mudar o que achamos que deve ser mudado.  Herois? Não precisamos! Mas se for o caso, mesmo respeitando a minoria que discordará, de herois como Jair Bolsonaro não precisaremos nunca!

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