NADA COMO UM PEIXE ATRÁS DO OUTRO!

NADA COMO UM PEIXE ATRÁS DO OUTRO!

Tomo um café. São quinze horas.  Não sou muito de café. Gosto mais da cor. A minha. Somos cumplices nessa. Amigos. Parceiros. O dia é esse em que escrevo estas mal-traçadas. A primeira quarta-feira do mês de julho, do ano de 2019.

Há um vazio enchendo a minha sala. O silêncio.  Esse ocupa todos os espaços. Dentro das gavetas do meu birô. Em cima das estantes, Dentro dos livros. Nas caixas cheias de mistérios que se espalham pela sala.  Pausa. Um instante, maestro! Na parede um aviso grita que não é possível ler nessa distância.

Estou distante de mim.

Na sala vizinha colegas falam a respeito da perfeição. A busca. Uma meta. Essa atingida pelo goleiro que joga na seleção. Foi isso que ouvi outro dia pela boca cantante de um bom baiano. Abro os olhos.  Deixo os canais auditivos mais livres do que nunca.

 Preciso ouvir a voz do vento.

Abro a janela. Fecho. A chuva. Há chuva. Essa me lava a alma sem precisar que a minha “toda branca” esteja pendurada no varal. Tem dias assim como este em que não adianta apressar as manhãs. Elas chegam. Não dependem do canto de um galo. Aquele.

Exercito os dedos malabaristas. Agora é viver mais ou não viver menos. Viver! Os ouvidos abertos captam palavras ininteligíveis, Seria a língua de Liliput? As roupas delas são as mesmas.  Mas a língua…Blefuscu! Nada escuto. Penso apenas. Na cabeça aqueles dias em que passei no claro vendo corpos sendo retirados no escuro. Os gritos. As partidas em busca de luz. Luz, luz, mais luz! Não pediam. Mas era visível essa necessidade.

 Em Liliput a ingratidão era um crime capital. Por aqui não estão nem ai. Nem aqui nem acolá. Os ingratos batem no peito e somente agradecem aqueles que veem nele um exemplo de ingratidão. O silêncio fecha a boca de uma vez por todas. Mesmo assim ainda escuto os seus gritos.

Se estou cansando? Assim como um dia os Beatles disseram que cansados estavam. Estou cansado das canções de amor. Dessas canções de amor. Só não tomo uma dose porque não posso. Aguentar? Tudo bem.  Aguento. Mas só quero ir para casa.

E vou.

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