que Deus recicle esse bom irmão (DAPENHA)

que Deus recicle esse bom irmão (DAPENHA)

A prova inquestionável e suprema de DEUS é que não dominamos nossa memória. Sou uma prova disto! E, com a permissão de vocês, eu mato a cobra e mostro o… Paulo!

 Na gostosa casa de palha e de cimento batido que nos fazia ouvir o prenúncio das chuvas advindas da “Mata do Buraquinho”, um barulho somente música boa, na Rua Senhor dos Passos do meu querido bairro de Jaguaribe, não havia cômodos suficientes, como no coração de mãe, para abrigar todos filhos.

 A minha mãe, Dona Chiquinha, companheira por toda a vida do meu pai, o Compadre Heráclito, muito diligente, achava por conveniência colocar Paulo ou Paulinho, nosso quase caçula, pois 1berto de Almeida é o caçula verdadeiro, em uma rede na sala que ficava “parede-meia” com seu quarto, isto é, o “Quarto de mãe”. O meu pai? Claro, deu toda anuência!

 Assim, lembro-me bem, nas manhãs de sol jaguaribense, quando esse Rei luminoso mostrava seus primeiros raios para manhãs que acordavam, o menino Paulo gritava para que todos pudessem ouvir e, claro, sorrir com o seu pedido choroso e gostoso de ouvir, o “grito de socorro”: “

 - Maê! Grico no mijo! Já drumí!

 Era o aviso que dava à toda casa, de que era chegada a hora da labuta diária.

 Mas, hoje, se vocês me perguntarem o que ele queria dizer nessa língua de infância, essa que somente os infantos sabem o que significa, sendo quase adulto naqueles tempos, confesso que ainda hoje, na minha adultice, procuro saber o seu real significado.

 -  Bico no mijo, já dormi!?

 Seria esse o significado?  se não, afirmo que o grito soava assim,

 Mas que a musicalidade desse grito infantil ainda hoje soa melódico nos meus ouvidos, acreditem, soa e faz bem. Faz-me voltar aos dias em que essa era a língua com que ele se comunicava com os anjos.

 Sinceramente, não gostaria que o querido mano tivesse crescido! Bastaria eu ter sonhado. Eu e o mano Humberto temos motivos para isto! Mas nós o amamos, mesmo que isto se constitua em um paradoxo!

 DEUS QUE O RECICLE!

* texto do escritor DAPENHA ALMEIDA

dapenha

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