A barreira branca. Foi quase isso. No meio do caminho havia uma barreira. Uma pedra. Soldados e outros querendo saber para onde íamos. Se éramos ou não moradores de Conde. Pausa. Do Conde seria melhor. Não somos. Estávamos em visita a clientes. Respondemos. Passe-livre no caso. Nome do proprietário do alazão vermelho e placa. Tudo bem. Fiquem à vontade. Ficaram. Ficamos.
Tabatinga é isso mesmo: “barreira branca” na língua tupi. Os que sabem mais do que a gente dizem derivar-se essa palavra estranha e um tanto feia – eu acho, eu acho – do termo tupi. Tabatinga. Isso: “barreira branca, barro branco como cal.”.
Mas nem aí estávamos para o significado da palavra. Eu e Rosa estávamos fazendo um “respirar lá fora” (favor não confundir com” happy hour”) para suportar, dentro de casa, mais uns dias no “isolamento social” do “mal do corona”. Poucos, poucos, poucos. Temos fé em Deus e pé no acelerador. Serão poucos. Afinal, ninguém é de ferro.
Precisávamos, tínhamos necessidade de ver se o mundo lá fora, mesmo de dentro do carro, continuava a no esperar. Se os umsalões da vida lá fora estavam prontos para continuarmos a dança que esse corona desafinado e sem coração inventou de parar. Em que ritmo mesmo? O importante é dançar! Samba, valsa ou bolero. Nem aí. Um tango? Também pega bem. Mas quem sabe o doce lamento de um chorinho mais alegre do que nunca?
Dentro do carro, vidros fechados e máscaras nos rostos, às vezes esses mesmos rostos desocupados para respirarmos melhor, saímos, fato raro, para ver o mundo fora de casa.
Fizemos mais: com a sempre e ótima surpresa do ótimo irmão que tenho como amigo e irmão vice e versos todos livres e belos, Dapenha, aceitamos (a Rosa sempre) o convite e, finalmente, deixando o medo do corona pendurado no cabide da coragem fomos ver a minha sobrinha-sobrinha- sobrinha.
Ayla nasceu para mostrar que não existe corona neste mondo que impeça uma rosa de nascer. Ayla. Esse é o nome da flor que nasceu numa manhã de esperança. Ayla é a luz da lua ou do luar. Escolham. Brisa, ar. Um belo nome de sonoridade tão bela quanto o próprio.
ayla: a minha bela sobrinha-neta.
Mas, como dizia, a Rosa e eu, depois desses dias “guardados em casa”, finalmente de casa saímos e abrimos a porta do mundo que fica lá fora. A luz se fez Ayla! Espalhou-se sobre nós!
A nossa ótima e quase centenária irmã Maria (depois dos oitenta não duvido que com as graças de Deus, lucida e forte como sempre, chegue aos cem); o não menos ótimo irmão de que falei nas primeiras linhas destas mal-traçadas; a Rosa cada vez mais rosa e agora iniciando uma brilhante carreira de artista plástica, outra Rosa nesse campo nascendo, e este Malabarista de Palavras que escreve tão somente para não morrer engasgado com as palavras nessa garganta fabricante do som dessas faladas. A festa se fez. Fizemos a festa.
Era mais um ótimo e maravilhoso domingo. Nenhuma dúvida. Outros, porém, virão por aí. E cá para nós todos: Deus assim há de querer! Melhor: como dizia a minha boa Tutu, avó por tabela dos meus filhos, “Deus quer, meu filho! ”.
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