Humberto de Almeida Eu Plural
Agora não tem mais jeito! Tudo que começa errado, errado terminará. Serei mais murphyano ainda: “Se algo pode dar errado, dará”. E deu.
Um dos meus dois leitores, pelo menos um deles, deve estar lembrado: cansei os meus dedos malabarista de escrever que o Pavilhão do Chá foi aberto apenas para ser fechado um dia. Pois é.
Um espaço bonito que poderia ser aproveitado para ser um “Pavilhão de Cultura”, com chá ou sem ele, final de tardes, especialmente das sextas-feiras e sábados matinais, transformou num simples bar com preços de restaurante fino e restaurante popular de comida vendida a quilos, com preços de botequim de feira-livre.
E eu que gostava tanto dele, um espaço que tinha – não tem mais – a cara do meu pai, o Compadre Heráclito, fazia questão – faço ainda – de evitar aquele caminho que corta os seus abandonados e triste jardins que se espalhava nos olhos deles.
Agora, infelizmente, me deparo, todos os dias, com Bêbedo e equilibrista e mariposas; burros, jegues, bois, vacas e cachorros. Um zoológico? Nem de longe! Fosse um, preferiria aquele belo imaginável desse poetaço, Sérgio de Castro Pinto. Mais uma área pública invadida pelos sem-nada. Infelizmente.
O bonito – foi belo um dia – Pavilhão do Chá pode hoje parecer com tudo, menos com o Pavilhão do Chá que merecia ser/parecer.
Agora, passando por ali, como acontece agora mesmo, nesse exato instante, desprevenido que estava, a desconfiança se tornou uma certeza: cansado de esperar, lembrando o velho poema de Ascenso Ferreira, lembrando de suas – do pavilhão – cadeiras com as pernas para cima, “mortas”, p não mais aguentei:
- Chega! Ninguém é de Ferro (elas são de madeira)! Botaram (as cadeiras) as pernas pro ar pela última vez!
O pavilhão que um dia fora aberto somente para fechar um dia, finalmente, esse dia chegou: ESTÁ FECHADO E SEPULTADO!
