um dia bem distante, muito mesmo, encontrei esse maranhense em nosso belo teatro santa rosa. estava descalços, usava calça top, usada, camisa mangas compridas, listada, aberta no peito e mangas arregaçadas. era o projeto Pixinguinha. o saudados projeto Pixinguinha.
– joão por aqui, o show vai começar ?
– tô sabendo, camarada, mas preciso molhar a garganta!
precisava. a minha estava molhada há muito. ou melhor: muito não. umas duas horas. o bar era aquele chamado de “artistas” pelos próprios e outros. o papo foi rápido.
– cerveja, João ?
– nada disso, camarada, uma cachacinha!
tudo bem. fiz questão de pedir uma cachacinha. uma honra pagar uma cachacinha para João do Vale. se tivesse ídolo, vocês sabem que eu não tenho, pois todo ele tem o monossilabo de barro e cheio de hemorroidas, João seria um um ídolo meu. ele sorriu. pediu uma segunda. pedi.
– e aí, João, sempre fui curioso em relação o teu trabalho (silêncio. xuip! outra golada). afinal, todos sabem e tu insistes em negar. mas o fato é que vendeste muitas parcerias, não ?
– deixas isso pra lá, camarada, se o nome do “parceiro” está ao lado do meu é porque ele “pareceirou”! vamos esquecer!
– nada disso, João, só uma coisa: o teu parceiro na “tua” composição “na asa do vento” é uma mentira.
– quem ?! quem é mesmo o mesmo parceiro nessa composição ?!
nem precisei dizer. ele sorriu. disse apenas que se ele, o seu “parceiro”, estava lá, parceiro ele era.
sorri. sorrimos juntos. o parceiro seu “na asa do vento” ?Luiz Vieira.
cai o pano.