Humberto de Almeida Eu Plural
Tudo flui. Tudo munda.
Acabei de ouvir esse “alerta” de uma filha legitima de Sapé. Talvez uns poucos – muitos talvez – não saibam ainda o que vem a ser esse Sapé que acabei de escrever. Digo para esses que Sapé é uma cidadezinha que fica bem ali pertinho da capital da Parahyba.
Dizem também ser Sapé a terra do abacaxi. Ela, ao lado, faz a correção: foi. Não é mais. Não vou explicar nem acho necessário dizer o que vem a ser esse abacaxi. Mas acrescento nada ter a ver com os “abacaxis” que todo Governo que passa deixar para o próximo. E o próximo para o próximo. E o próximo…
Mas como falava em mudança no comecinho destas, é sobre essa que desejo continuar a falar nessa manhã silenciosa e vazia. Pausa. No entanto, nem toda manhã é assim. O silêncio e o vazio dependem do estado de espírito de cada um. Vamos à mudança.
Nem toda mudança, porém, é maravilhosa. Não basta apenas “mudar”. Mudar por mudar não adianta. Atrasa. Melhor continuar sem mudança. Será um esforço a menos. Mudar para melhor. Isso é o que deseja todo ser humano que pensa e por isso existe. Se é Skakespeare? Hamlet. O sujeito tem de mudar ou aceitar que as coisas mudem ao seu lado. Sem a sua – dele – participação será um omisso. Um zero à esquerda.
Toda mudança é essencial nessa busca do Ser em ser uma pessoa melhor. Todos teremos um dia de fazer uma limpeza profunda. Não uma daquelas que os olhos comuns possam ver. Uma limpeza na sujeira visível em tua roupa ou naquele sapato velho que não trocas por dez novos, porque esse está acostumado com o teu pé e a forma de andar.
Ela fala numa mudança naqueles mais recônditos dos lugares deste corpo que tanto pode ser um templo quanto o objeto qualquer. Tudo depende do ponto de vista do seu – dele – dono. A verdade é que um dia precisamos abrir a janela da alma e jogar fora tudo que não serve de alimento para fortalecer o espirito e nos transformar em pessoas melhores. Tem razão essa filha de Sapé. Em sua simplicidade ela conseguiu dizer o que muitos usando toda a sua – deles – erudição, não conseguem traduzir essa necessidade de mudança para os menos privilegiados.
Sempre para melhor. Mudar sem que alguém te diga em que deves mudar e te cobre essa mudança todos os dias. Afinal, esses que pedem todos os dias que mudes a forma de ver as coisas e viver esta vida – esqueça a outra -, esquecem não raras vezes que essas mudanças devem começar por eles. Mude mesmo! Mas sem que essa mudança seja somente para agradar aqueles que desejam ver em ti a mudança que eles não conseguem fazer em suas vidas.
*Heráclito de Éfeso
