# – tenho notado – e sentido – que noventa e nove por cento das pessoas que conheço, entre essas um bom irmão meu, não querem saber o que dizem as letras das músicas que escutam. Falei música? Isso mesmo. A música é o que lhes interessa.
- O que Chico Buarque acabou de cantar/dizer?
- Não ouvi, estava ouvindo a música.
(deveriam optar pela música instrumental. tem mais: uma que ninguém inventasse ainda de por uma letra, a letra atrapalharia.)
# – tenho a mania de ouvir tudo. Há muito descobri que as letras de algumas músicas sobrevivem sem essas, isto é, as músicas que lhe dão vida. Umas viram poemas e outras, sem a música, não existiriam.Mas ouvir e escutar (são diferentes) as letras de música são necessárias.
# também não raras vezes – nem sempre- gosto de ler em voz alta alguns parágrafos dos nossos melhores romances. A prosa – às vezes – soa como poesia. Encontramos essa – a poesia – em alguns dos nossos melhores romancistas.
Agora mesmo, por exemplo, relendo o Menino de Engenho do bom Zé Lins, lembrando algumas passagens para a minha bela e inteligente neta Livinha me deparo com essa beleza poética:
- “Os passarinhos recolhiam-se aos ninhos, em cantadas de despedida. Só o meu coração batia em desespero.”.
Poético ou não?
(Ufa, fico por aqui, outro dia, quem sabe, voltarei…”