Para a igreja a fé é um conjunto de dogmas e doutrinas que constituem um culto. Em seu dicionário, mais direto, o Aurélio diz que fé é a primeira virtude teologal. Uma coisa meio complicada, verdade, mas que vem a ser a adesão e anuência pessoal a Deus, seus desígnios e manifestações.
Mas não vamos entrar nessa discussão sobre o que é e o que deixa de ser fé, porque, sem dúvidas, passarei o resto dessas mal-traçadas procurando pelos em ovo de galinha. O que eu digo é que não sou um homem de muita fé. Fim de papo. Deu para entender? É pecado confessar isso? Ah, as outras virtudes teologais? A esperança e a caridade.
Eu acreditar que botando fé e pisando no acelerador deixaria o inglês Lewis Hamiltonna poeira? Ledo Ivo engano! Se o Gilberto Gil acredita que andando com fé a fé não falha, então que fique ele lá com a fé dele. Comigo, não, fé para mim é acima de tudo luta, batalha.
Eu ficar olhando para o céu, cheio de fé e esperança, esperando que o maná caia no meu prato assadinho e com pouco sal como costumo comer? Fala sério!
Se a memória não me falha, foi Paul Valéry quem disse um dia que ser otimista não é acreditar que o “amanhã seja melhor que o teu hoje”, mas “lutar” para que esse teu esperado amanhã seja melhor. E aí, onde é que a fé que procuro e não acho vai entrar nessa história?
Mas, pedindo calma com o andor que o santo quer saborear a paisagem, isso não quer dizer em nenhum momento que eu seja ateu.
Por fim, se como na bela canção de Lamartine Babo “Jesus não castiga o poeta que erra”, não posso deixar de acreditar no que confidenciou o Frei Leonardo Boff ao Darcy Ribeiro, em seu leito de morte: “Darcy, não seu preocupe com a fé, porque Deus não se incomoda com a fé…”
E, por isso mesmo, se o Darcy não tinha com que se preocupar, eu também não tenho. Enquanto eu puder continuar andando sem fé, mas crendo n’Ele, sei que Ele não me irá falhar!